Revolução no varejo: como as lojas físicas estão liderando experiências únicas, por Cintia Merighi*
O varejo está atravessando uma fase de transformação profunda, impulsionada pela convergência entre inovação tecnológica e expectativas crescentes dos consumidores. Na NRF 2025, destacou-se como as lojas físicas estão se reinventando para criar experiências imersivas que vão além do consumo, conectando marcas e clientes em um nível mais significativo.
No passado, a experiência de compra em lojas físicas muitas vezes se limitava a encontrar produtos e realizar pagamentos. Hoje, consumidores esperam algo muito maior: experiências que os conectam emocionalmente à marca. Durante focus groups com clientes de vários segmentos, um ponto central emergiu: a alma de uma marca está na sua autenticidade. Se essa essência não for clara, nenhuma tecnologia — nem mesmo a inteligência artificial — será capaz de suprir essa lacuna. Isso está diretamente relacionado à importância de oferecer alternativas premium em cada linha de produtos, garantindo que a qualidade e o compromisso da marca sejam evidentes.
A inclusão de serviços nas lojas também foi apontada como uma estratégia crucial. Não se trata apenas de um diferencial, mas de criar espaços bem planejados que proporcionem verdadeiras sensações de descoberta. Estudos revelam que experiências positivas em lojas físicas têm impacto emocional até 45 vezes maior, e os clientes retornam cinco vezes mais quando se sentem encantados. A jornada do cliente físico segue um padrão claro: na primeira visita, ocorre o encantamento; na segunda, os consumidores trazem amigos ou familiares, ampliando o impacto emocional.
Outra tendência destacada é o live shopping, que une experiência e entretenimento de forma única. Por meio de demonstrações interativas e personalizadas, as lojas criam ambientes que vão além de atender às necessidades básicas dos consumidores, engajando-os de maneira significativa.
A tecnologia, especialmente a inteligência artificial (IA), está moldando o varejo de forma acelerada. Atualmente, mais de 60% das vendas são influenciadas digitalmente, e a IA generativa está revolucionando a criação de conteúdo e as interações em tempo real. No entanto, a eficácia dessas tecnologias depende de dados precisos e integrados. Dados fragmentados prejudicam a experiência, enquanto uma base robusta garante fluidez e personalização.
Apesar do papel central da tecnologia, ela não substitui a conexão humana. O varejo do futuro será híbrido, combinando o melhor do digital e do físico para oferecer experiências significativas. Lojas que não apenas vendem produtos, mas criam memórias e entregam experiências únicas, estarão na vanguarda dessa revolução.
As lojas físicas desempenham um papel muito mais profundo do que apenas vender. Elas têm o poder de criar histórias, engajar consumidores e transformar compras em momentos inesquecíveis. Ao unir tecnologia, dados e um toque humano, marcas conseguiram conquistar corações no novo cenário do varejo.
*Cintia Merighi é Head de Novos Negócios da GIC Brasil