É a hora de usar a tecnologia como aliada, e não como vilã, dentro e fora das empresas
Em um momento no qual a pandemia acelerou os processos tecnológicos, é preciso aceitar o convívio com a tecnologia
Se antes a tecnologia era vista como ameaça, com a premissa de que a automatização acabaria com as profissões, hoje as pessoas já a veem com outros olhos. A ferramenta pode ter substituído alguns trabalhos no passado, mas, na atualidade, caminha em conjunto na vida de todos.
Uma maneira de enxergar isso é que, ainda que a tecnologia caminhe para ser autônoma – a exemplo das novas assistentes virtuais e da inteligência artificial –, ela necessariamente é programada pelos humanos. E, por mais que a tendência mostre um caminho no qual a tecnologia tomará todo o espaço e criará um mundo à parte, ainda haverá humanos para administrá-la. No mais, a criação e inovação não parte da tecnologia, mas, sim, do homem.
A capacidade mais humana de todas trabalha em conjunto com a tecnologia
Um dos pilares do discurso que afirma que a tecnologia será responsável por automatizar tudo está bastante relacionado à visão antiga da concepção do trabalho. Nessas horas, é primordial lembrar o motivo pelo qual a raça humana persistiu ao longo de todos esses anos: somos o ser vivo mais adaptável.
Isso se aplica também ao trabalho. Antes, a predefinição de um trabalho e de uma carreira era feita para toda vida. Sair dela era visto como fracasso e as habilidades usadas em um setor também eram encaradas como inúteis para outro.
Hoje, o mercado de trabalho atua de forma diferente. Uma pesquisa realizada pelo Re: Trabalho, realizada pela Tera e pela Scoop&Co, com apoio da revista Época, destaca que pelo menos 63% dos brasileiros já mudaram de carreira e 48% pretendem mudar em 2021. Essa tendência é comum não apenas pelo avanço tecnológico, mas também – e principalmente – pela escolha dos trabalhadores. Vale dizer que a escolha de carreira normalmente é feita durante a adolescência, e futuras mudanças ou decepções podem acontecer no meio do caminho.
O fato é: na realidade em que vivemos hoje, as pessoas não estão mais presas a um único trabalho. E isso abre espaço para que a convivência com a tecnologia seja mais fácil.
Aceleração da pandemia
No contexto pandêmico, a tecnologia encontrou um espaço fértil para crescer. Esse fator fez com que a forma de gerenciar os negócios se encontrasse dentro de uma mudança tecnológica drástica de uma hora para outra – em 2021, esta pauta já ficou recorrente nas principais faculdades de administração. Sendo assim, a adaptação foi um divisor de águas: os negócios que investiram na digitalização e acompanharam os processos tecnológicos obtiveram resultados melhores do que as empresas que não se mobilizaram.
Trabalhar com a tecnologia significa entender também que, para além da mudança de uma carreira e a adaptação a outra, a ferramenta nem sempre anulará o trabalho humano. Muitas vezes, ela pode aparecer como aliada e remoldar processos mais longos para transformá-los em mais curtos e acessíveis.
A pandemia foi responsável por parte dessas mudanças, e não pela aniquilação de profissões já existentes. A ver pelos restaurantes: em um período no qual a refeição no local era proibida, o uso da tecnologia fez crescer os pedidos por delivery, e uma parte dos estabelecimentos apresentou crescimento nas vendas. O mesmo aconteceu para os professores, que continuaram ensinando pelo meio online, sem que sua profissão fosse subjugada a um modelo autônomo.
No fim, a questão da tecnologia tem o estigma de dominar os ambientes, sobretudo pela inovação ágil e rápida. De um dia para o outro, surge uma nova solução que pode substituir um processo obsoleto. Nesses casos, vale lembrar que nem sempre é assim: modelos fazem sucesso e se consolidam após a determinação de eficiência. É preciso sempre ressaltar que a tecnologia é submetida à ação humana, e a ação humana é, por eficiência, adaptável.