O que esperar da automação de processo robótico? Por Francis Carden*
/ A Robotic Process Automation (ou Automação de Processo Robótico, em português) que combina algoritmos e pessoas estará em alta em 2020. Vale destacar que a RPA não é algo mágico, ou seja, uma solução única e definitiva para a transformação digital. Ela funciona melhor ao trabalhar com a Inteligência Artificial, para ajudar na automatização dos processos que não possuem APIs – Interface de Programação de Aplicativos. Por outro lado, não deve ser adotada apenas como uma plataforma autônoma que toma decisões baseadas em IA – apartada do restante da tecnologia da empresa. Nesse sentido, elenquei alguns dos principais pontos que, na minha opinião, vão nortear a adoção de RPA em 2020.
• A realidade mostra que a RPA não é uma fórmula mágica para transformação digital: Os primeiros a adotar a RPA atravessaram as dificuldades da escalabilidade da implementação, dimensionando e mantendo seus bots. Em 2020, eles perceberão que a RPA não é a solução única para a transformação digital e buscarão uma abordagem mais coesa da tecnologia corporativa. Como a RPA não está totalmente equipada para lidar com a transformação digital (DX) sozinha, as empresas integrarão a RPA sobre as tecnologias básicas e de transformação, como as plataformas de automação inteligente. Dessa forma, a RPA não tem a responsabilidade da transformação digital por si só – o que nunca foi realmente projetada para fazer.
• Organizações diminuem ambições de escalabilidade da RPA: Em 2020, as empresas que estão enfrentando dificuldades com a RPA chegarão à conclusão de que esta tecnologia pode não atingir a escala prometida. De acordo com um estudo da Deloitte, apenas 4% dos usuários de RPA ultrapassaram 50 bots e, ainda mais dramático, um estudo da Forrester mostra que 85% ainda não ultrapassaram 10 bots, com poucos sinais de que possam ampliar. A realidade se estabelecerá para essas organizações, à medida que avançam nessa tendência e buscam um caminho diferente com tecnologias estratégicas, indo muito além da RPA tático.
• A RPA atendida é o centro dos holofotes, só que não está pronta para o “horário nobre” das organizações: O mercado mantém o foco na RPA tradicional (não atendida), a qual os bots trabalham sem a participação humana. Só que em 2020, teremos mais empresas concentrando a atenção na RPA atendida – conhecida anteriormente como Robotic Desktop Automation (RDA). As companhias começarão a perceber que a combinação de bots e pessoas pode produzir ótimos resultados e com agilidade. Em muitos casos, como em call centers e grandes operações de front e back-office, a RPA atendida pode ser implementada rapidamente para um maior número de usuários, no que se refere as tarefas corriqueiras, e oferecer um caminho mais rápido para a obtenção do retorno sobre o investimento (ROI).
• ‘RPA-washing’, a contra-reação em crescimento: Enquanto a RPA decolou e arrecadou o dinheiro dos investidores, muitos acreditavam que qualquer coisa relacionada à automação poderia ser classificada como RPA. Em 2020, o mercado terá a noção exata de que nem tudo o que se afirma ser RPA, o é na verdade. Trata-se de um componente de uma plataforma de automação inteligente mais ampla, que precisa ser combinada com outras tecnologias de automação. É um alerta para muitos, pois a RPA não é uma plataforma na qual se constrói uma estratégia de transformação digital (DX), mas sim um começo efetivo para alavancar a transformação.
• O mito da RPA inteligente será exposto: Muitos fornecedores propagaram a próxima era da RPA inteligente – ou infundiram a Inteligência Artificial na RPA, para processos robóticos mais inteligentes. Mas, depois de escutar sobre essa hype por alguns anos sem perceber soluções tangíveis, as organizações, enfim, terão a percepção que essas tecnologias funcionam melhor, separadas. A Inteligência Artificial precisa estar posicionada no centro, de como as empresas interagem com os clientes no dia a dia – não isoladas no sistema de RPA.
A RPA é melhor adotada ao trabalhar com a IA, para ajudar na automatização dos processos que não possuem APIs – Interface de Programação de Aplicativos, e não como uma plataforma autônoma que toma decisões baseadas em Inteligência Artificial só que – isolada do restante da tecnologia da empresa.
• Os robôs (bots) se aposentam mais rápido do que são construídos: As organizações, que percebem os benefícios táticos da RPA, reconhecem agora que esses bots não permanecem em produção por um longo tempo – eles tendem a quebrar com o tempo, à medida que os sistemas subjacentes evoluem. Enquanto isso, o mau processo, que o bot estava mascarando, ainda se esconde e acabará por fazer ressurgir os mesmos problemas anteriores. Depois de um tempo, esse ciclo de correção de problemas envelhece e, em 2020, as organizações buscarão por uma solução permanente. Várias empresas aposentarão alguns dos sistemas legados, que sufocam a transformação digital e vão substitui-los por arquiteturas modernas e unificadas, aposentando os bots que impediam este avanço.