Afinal, o que esperar do ChatGPT? Por Eduardo L’Hotellier*
Desde o seu lançamento, em novembro de 2022, muito tem se falado sobre o ChatGPT, um chatbot com inteligência artificial que permite usuários interagirem com o modelo de linguagem, enviando perguntas e recebendo respostas em tempo real, principalmente depois do anúncio de investimento de 10 bilhões de dólares da Microsoft em sua desenvolvedora, a OpenAI. Em torno desse debate, gosto de pensar que a tecnologia, no geral, tem o potencial de ser usada de forma positiva, independente da sua finalidade, e que há esforços para regulamentar e garantir seu uso de forma responsável.
Os questionamentos e discussões são inúmeros: substituição de empregos humanos por inteligência artificial; o uso indevido ou malicioso do modelo, como na geração de notícias falsas ou discurso de ódio; falta de privacidade e segurança, incluindo o armazenamento de informações pessoais e a possibilidade de manipulação de dados. Ainda não está claro como a inteligência artificial afetará a sociedade no futuro e se há riscos potenciais a serem considerados. Por outro lado, este é um mercado que está em grande expansão, segundo a Precedence Research, que projeta um crescimento de 869% em oito anos, indo de 165 bilhões de dólares em 2023 para 1.6 trilhão em 2030.
Em pesquisa para a Wharton School da Universidade da Pensilvânia, conhecida tanto pelo seu rigor acadêmico quanto por ser a mais antiga escola de administração dos Estados Unidos, o professor Christian Terwiesch submeteu o ChatGPT ao exame final de Operations Management, disciplina básica do programa de MBA da Wharton, e segundo o pesquisador, o resultado foi um ótimo trabalho com excelentes explicações, concluindo assim que o novo sistema de inteligência artificial demonstrou uma capacidade notável de automatizar algumas das habilidades de trabalhadores do conhecimento altamente remunerados como analistas, gerentes e consultores.
Em setores fortemente ligados à tecnologia, relacionamento com o cliente e internet, os benefícios são diversos. O ChatGPT pode contribuir para geração de respostas automáticas, sendo treinado para responder de forma não genérica a perguntas frequentes, permitindo uma ação rápida e precisa sem a necessidade de intervenção humana; pode ser usado para gerar conteúdo, incluindo descrições de produtos, anúncios publicitários e artigos de blog; pode analisar o sentimento das mensagens, sendo útil para entender como os clientes estão reagindo a produtos ou serviços além ser usado para criar chatbots personalizados, que podem ajudar a automatizar processos e melhorar a experiência do cliente.
Sobre o mercado de trabalho, o desenvolvimento desta nova tecnologia pode causar certo impacto, mas é provável que altere o tipo de habilidades e conhecimentos necessários para a atuação em certas áreas, em vez de causar desemprego em massa. Pode também ser usada para aumentar a eficiência e a qualidade dos serviços, criando novas oportunidades de emprego, podendo aumentar a demanda por trabalhadores especializados como engenheiros de dados e especialistas em inteligência artificial, permitindo que as empresas cresçam e expandam suas operações. Além disso, a automatização também pode ajudar a aumentar a eficiência e a competitividade das empresas, o que pode levar a um crescimento econômico geral e a novos empregos.
O ChatGPT pode trazer impactos positivos na melhoria do desempenho das empresas, ajudando a otimizar processos e a reduzir o tempo gasto em tarefas repetitivas; melhoria na educação, fornecendo informações precisas e atualizadas para os alunos e professores, além de ajudar a desenvolver novas habilidades em tecnologia e análise de dados; inclusão digital, permitindo que pessoas não possuem recursos tecnológicos avançados tenham acesso a informações e serviços online além da já citada geração de empregos principalmente nas áreas de tecnologia.
Este tipo de inteligência artificial é nova para o grande público, e ainda deve ser muito explorada e aprimorada nos próximos anos. Acredito que no futuro, aplicações como o ChatGPT sejam ainda mais precisas e capazes de lidar com uma variedade ainda maior de tarefas. Muito embora esse novo caminho seja um grande facilitador, continua sendo imprescindível a presença de um ser humano com as perguntas certas, dentro do contexto certo e com os objetivos bem fundamentados, para que os benefícios sejam bem aproveitados.
*Eduardo L’Hotellier é fundador e CEO do GetNinjas