NFT: O novo filão para o mercado de luxo e ostentação, por Cesar Sponchiado*
/ NFT (token não fungível) virou tendência e foi eleita a palavra do ano pelo dicionário Collins. Uma NFT pode vir em 3 (três) “sabores”: ser uma arte digital, um item digital dentro do metaverso ou uma propriedade digital de um item físico. O que essa tecnologia traz de revolucionário é a noção de escassez digital, prova de posse e propriedade descentralizada.
O mercado de luxo tem nas mãos uma grande oportunidade para utilizar os NFTs como objetos de desejo e ostentação.
A tecnologia blockchain valida as propriedades de itens digitais para garantir a autenticidade, por meio de direitos digitais, tornando os itens únicos, exclusivos e colecionáveis. Por conta disso, as grifes podem ter a segurança de estarem a salvo de pirataria e falsificação. Isso quer dizer que cada ativo é insubstituível, e por isso não são intercambiáveis, pois não podem ser comparados. Fator que tem tudo para fomentar o segmento de colecionadores, além de facilitar a monetização dos conteúdos dos creators.
A interatividade proporcionada pela evolução tecnológica causa uma sensação de pertencimento dos consumidores com as marcas, e permite atrelar NFTs à algo físico. A marca Overpriced, que se considera a primeira marca de moda com foco em NFTs, vendeu um casaco de moletom com um QR Code estampado, que permite que o consumidor mostre o seu NFT a qualquer momento. A peça foi ofertada por US$26 mil dólares. Visando o crescimento desse mercado, recentemente, a Nike, solicitou o registro de sua marca para o uso em produtos virtuais.
Além da exclusividade, atributo dominante para os consumidores do segmento de luxo, outras características são interessantes para as marcas de grife, como o baixo custo para produção e distribuição. Uma plataforma de negociação de NFTs como a OpenSea cobra taxas em torno de 2,5% para uma transação, enquanto marketplaces tradicionais como AliBaba, cobram de 15% a 40%. Outra vantagem é o fato de ser um produto sustentável, princípio que tem sido procurado nos últimos tempos. Por exemplo, uma NFT de uma bolsa Gucci não tem impacto ambiental relevante, diferente do item físico. Mas isso não quer dizer que ela custe mais barato, em alguns casos o item digital custa até mais que o item físico.
A própria Gucci vem explorando este território com diferentes ativações. Em junho deste ano, a bolsa do modelo Dionysus with bee, da marca, foi vendida por R$ 22 mil reais dentro do Roblox. Ou seja, R$ 4 mil reais a mais do que o preço do produto físico. Em outra ativação no mesmo jogo, para comemorar os 100 anos, a marca levou o projeto Jardim Gucci, para uma experiência imersiva com o mundo virtual.
Para os consumidores, são várias as vantagens de adquirir uma NFT de um artigo de luxo. Além de ser um item não consumível e sem prazo de validade, esses ativos podem ser vendidos por valores bem acima dos que foram adquiridos. O consórcio Aura criado por Prada, Cartier, Louis Vuitton e outras marcas da indústria de luxo é uma plataforma que permitirá autenticar e revender itens dessas marcas.
Para algumas pessoas parece estranho comprar algo de alto valor agregado que não pode ser utilizado no mundo físico, mas para quem adquiriu, faz muito sentido. É uma possibilidade de comprar um item raro, sem as restrições do mundo físico. Os números do mercado para a venda de itens digitais demonstram todo esse potencial. De acordo com a Morgan Stanley, o segmento de NFTs deve chegar a €$ 300 bilhões de euros até 2030, sendo que €$ 50 bilhões de euros serão deste segmento de luxo.
A ostentação dessa nova década certamente passará muito pelas NFTs. Em breve veremos no Twitter, Instagram e outras redes sociais avatares ostentando um cosmético digital mais caro que a última versão da Bugatti do Cristiano Ronaldo.
*Cesar Sponchiado é fundador e CEO da Tunad