Reconhecimento facial ainda caminha a passos lentos, mas já tem bons avanços nas empresas, por Daniel Cunha Barbosa*
/ Prática oferece mais segurança com diversos recursos, mas a discussão sobre a coleta dos dados biométricos continuará sendo pauta para nos sentirmos seguros
/ A tecnologia de reconhecimento facial está chegando com força nos mais diferentes locais, com destaque para estádios, parques e navios de cruzeiro. Um dos setores em que essa tecnologia deve se tornar muito popular nos próximos anos é o varejo, principalmente nas grandes redes de lojas físicas, como supermercados, restaurantes fast food e lojas de roupas voltadas para a moda popular.
Uma publicação feita no We Live Security, blog de segurança da informação da ESET, alertou sobre quais problemas o reconhecimento facial pode resolver ao associar um celular ao proprietário da linha e se essa alternativa deve ser uma preocupação com a privacidade ou uma segurança de proteção da identidade. No entanto, ainda caminhamos lentamente, como toda e qualquer tecnologia emergente. Atualmente, temos a presença do reconhecimento facial nos aeroportos, permitindo com que os passageiros façam check-in de uma maneira muito mais rápida e segura.
Essas interfaces, apesar dos benefícios que trazem, levantam discussões sobre proteção de dados, privacidade e neutralidade. Como acontece com tudo o que é novo, é comum ficarmos com um pé atrás antes de aceitarmos os benefícios que a tecnologia nos traz. Para aumentarmos o uso do reconhecimento facial, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) deve estimular companhias a estabelecerem políticas claras de ética e compliance, criptografia de dados e consentimento em relação à biometria facial.
Grandes empresas também já reconhecem os problemas relacionados ao uso da tecnologia. Em 2019, por exemplo, a Microsoft retirou do ar um banco de dados com dez milhões de imagens, usadas para treinar sistemas de reconhecimento facial mundo afora, que foram coletadas sem o consentimento das pessoas. Essas coletas de dados biométricos sem consentimento têm despertado muitas críticas por setores da sociedade civil. A maioria das críticas se baseia no argumento de que os custos sociais e de liberdade desse tipo de vigilância pesam mais que a segurança que ela pode promover.
O uso de rostos de pessoas tem grande uso na história para a busca de criminosos e não apresentava questões éticas. Por outro lado, a tecnologia de reconhecimento facial está ligada a bancos de dados gigantes que possibilitam não só o uso em processos criminais, mas como uma vigilância em massa, na qual não há diferenciação de quem está sendo monitorado.
Com o aumento do uso dos recursos digitais e da necessidade que sentimos em utilizar cada vez mais a tecnologia, investir em segurança no setor financeiro não é mais uma opção, e sim uma medida de proteção fundamental para usuários dessas funções. Mais do que conhecer os riscos e as ameaças que corremos diariamente ao fazermos uso de tais recursos, é crucial entender e aplicar as medidas de segurança capazes de enfrentá-los, já que a conscientização e o conhecimento são dois dos pilares-chave na luta contra o cibercrime e o mal uso das informações.
Questões como a proteção da identidade sempre serão debatidas. Se buscarmos entender ainda mais o funcionamento dos mecanismos, como os cibercriminosos trabalham e quais os tipos de golpes mais aplicados, com o passar do tempo teremos discussões cada vez mais aprofundadas e assertivas em relação à segurança dos dados com o reconhecimento facial.
*Daniel Cunha Barbosa é especialista em segurança da informação da ESET no Brasil