Chegamos à era dos dados – e agora? Por Flávio Maruyama*
/ Com o isolamento social imposto a todos desde março do ano passado, a tecnologia tem nos ajudado a manter o que tínhamos de normalidade e, ao mesmo tempo, apresentou-nos a uma perspectiva muito mais on-line. Alguns de nós vivemos, nos últimos meses, um cotidiano, muitas vezes, imaginado em filmes, em que as relações humanas se dão por meio de telas. Com as transformações e adaptações por que passamos ao longo do ano, eu me pergunto: até que ponto a tecnologia vai nos aproximar das outras pessoas? Qual será a próxima adaptação que viveremos para sobreviver às constantes mudanças?
Os novos limites que abrimos ao ver o trabalho remoto como uma possibilidade definitiva ainda são desconhecidos. Agora é possível enxergar alguns benefícios como também desvantagens. Seguimos um caminho que pode nos trazer alguns privilégios, como menos horas no trânsito, a possibilidade de trabalhar de qualquer lugar e mais tempo dedicado à família. Tivemos também de reforçar o nosso nível de empatia por nossos colegas de trabalho, buscando entender suas realidades e necessidades; afinal, a cada reunião, entramos na casa de cada um deles. Porém o fato de o trabalho ter ocupado nossos lares (para quem isso foi possível) nos obrigou a adaptar espaços para que continuássemos a exercer nossas atividades, o que também pareceu nos colocar 100% à disposição, a qualquer momento.
A digitalização nos ajuda a nos conectarmos e a nos aproximarmos de outras pessoas, facilita e deixa nossa vida mais prática. Ao mesmo tempo, ainda que o contato físico esteja ficando em segundo plano, vamos ficando cada vez mais expostos com a abertura de informações.
Diante da nova onda de influenciadores e serviços, o digital do futuro se mostra mais humano e atento ao que ousamos dividir na Web. O poder dos dados compartilhados é mais visível a cada acesso, compra ou pesquisa na Internet. Com isso, ao tentarmos parecer mais conectados e fazer parte de algo, estamos construindo um grande oceano de dados e análises sobre nós mesmos.
O protagonismo do digital em um cenário pós-pandêmico é um caminho sem volta e, portanto, realidade certa para todos. Para o mercado, essa é uma oportunidade de aprender mais com seus consumidores e criar cada vez mais relevância e valor nas relações que estão estabelecendo para atender o contexto que vai se formando. E cabe aos participantes dessa cadeia de valor, empresas etc, cuidarem cada vez mais de seus clientes. Para os usuários, é hora de estarem mais atentos do que nunca à jornada digital que estão traçando, cientes de seu valor e da escolha de com quem se relacionam.
O fato é que nos tornamos, a cada dia, ainda mais responsáveis pelo que dividimos de informação e produzimos o que pode nos tornar mais conhecidos. Porém qual o nível de consciência que temos sobre o que podemos gerar no futuro? É possível prever? Em que medida isso afetará nossas relações sociais?