Mercado global de RCS deve alcançar US$ 19,5 bilhões até 2028 — o Brasil está preparado? Por, Mario Marchetti*
Às vezes, as grandes mudanças não chegam com barulho — elas acontecem enquanto estamos ocupados demais olhando para outro lado. É exatamente isso que está acontecendo com o RCS. Enquanto discutimos IA, canais, automações e jornadas cada vez mais complexas, uma revolução silenciosa cresce diante dos nossos olhos: a forma como as marcas vão conversar com seus clientes nos próximos anos.
As previsões apontam que o mercado global de RCS deve atingir US$ 19,5 bilhões até 2028, de acordo com dados da Juniper Research. E não é só sobre números — é sobre oportunidade. Sobre potencial. Sobre o risco real de ficarmos para trás se não enxergarmos agora o que o mundo já começou a perceber.
O Brasil sempre teve um talento natural para comunicação. Nosso mercado abraçou o WhatsApp antes de praticamente todo o Ocidente. Nossas marcas são criativas, rápidas e digitais por natureza. Mas quando o assunto é RCS, ainda estamos apenas arranhando a superfície. Enquanto isso, países como Estados Unidos e Coreia do Sul aceleram testes, habilitam novos casos de uso e começam a transformar mensagens simples em experiências ricas, fluidas e completamente interativas.
E aqui nasce a pergunta que não quer calar: se o jogo está mudando tão rápido, por que não estamos correndo para ocupar esse espaço?
A verdade é que o RCS abre uma porta que as empresas brasileiras não podem perder. No varejo, ele transforma uma mensagem em vitrine. No financeiro, vira segurança e transparência. Em qualquer setor, ele pode ser a ponte entre relevância e esquecimento. E o medo de perder essa onda — o famoso FOMO — deveria ser encarado não como ansiedade, mas como bússola.
Por aqui, vemos essa virada acontecer de perto. A tecnologia já está madura, os dispositivos estão prontos e a experiência do usuário é infinitamente superior ao que conhecemos no SMS tradicional. Nosso papel é ajudar as empresas a darem o próximo passo, conectando RCS com IA, personalização, mensageria verificada e jornadas verdadeiramente inteligentes.
O que está em jogo aqui não é só adotar mais um canal — é garantir que as marcas estejam presentes onde o consumidor espera ser atendido. Porque, no fundo, comunicação não é sobre enviar mensagens. É sobre criar vínculo. E vínculo só acontece quando a experiência é clara, segura, visual e útil.
Se o mundo caminha para um mercado de quase 20 bilhões de dólares, o Brasil não pode assistir de fora. Não podemos repetir a história de tecnologias que explodiram lá fora enquanto ainda debatíamos aqui. Precisamos agir agora — com coragem, estratégia e visão.
O futuro da mensageria será multimodal, rico e profundamente interativo. O RCS é parte essencial dessa mudança. A pergunta que fica não é se o Brasil está preparado, mas sim: quando vamos decidir liderar essa onda?

*Mario Marchetti é Diretor-Geral da Sinch para a América Latina