Como usar os chatbots nos processos de recrutamento e seleção, por Cassiano Maschio*
/ A procura por emprego é uma atividade cansativa, tanto para o candidato, quanto para a seleção realizada pelo recrutador. Se antes bastava um currículo e uma entrevista pessoal, agora os candidatos enfrentam processos de aproximadamente cinco fases. Não é de se admirar a percepção de alguns de que procurar emprego é como fazer um trabalho de tempo integral por si só.
Nestas seleções, diversas empresas acabam promovendo uma experiência negativa, frustrando os candidatos, seja por processos longos e engessados, ou pela falta de feedback sobre a seleção. E essa experiência ruim, quando compartilhada, pode prejudicar a reputação da companhia. A boa impressão precisa ser de ambas as partes.
Chatbots utilizados na comunicação com os candidatos
Já pensou usar um chatbot com tecnologia de IA como parte do seu processo de contratação? Os bots, que já são usados para potencializar vendas e para se comunicar com os consumidores, também podem ajudar a estabelecer um diálogo com os candidatos e eliminar a falta ou ruído na comunicação.
Quanto mais os chatbots são usados como parte da experiência digital, mais confortáveis as pessoas ficam com ele. Na verdade, muitas pessoas já o esperam. E quando se trata da procura de emprego, 82% dos candidatos acreditam que o processo ideal seja uma mistura de tecnologia e comunicação humana, segundo a Ideal Recruiter, especializada em dados e tecnologias para RH.
Em um cenário de “coloque-se no lugar deles”, imagine a frustração de investir tempo e esforço com preenchimento de formulários, inserindo históricos de educação e trabalhos, respondendo a perguntas com foco em capacidades profissionais e características sócio-comportamentais, e, mesmo assim, demorar muito tempo, ou nem receber retorno do recrutador. Aqui entram os chatbots. Um de seus melhores recursos é a capacidade de fornecer feedback rápido e imediato, além de atualizações de status.
Isso significa que os chatbots podem não apenas responder às perguntas mais frequentes dos clientes, como “o que é um fax?”, mas também aos pedidos de emprego.
Para usar chatbots desta forma, a programação é adaptada para responder a todos, dizendo algo como: “Muito obrigado pela sua candidatura. Agradecemos o tempo e o esforço que dedicou no processo! Estamos muito honrados pelo seu interesse em trabalhar conosco! Em breve entraremos em contato, ok? Boa sorte! “
Esta resposta é genérica o suficiente para ser enviada a todos os candidatos, ao mesmo tempo que é pessoal o suficiente para elevar o moral do candidato. Ao fazer isso, as pessoas saberão que a candidatura está em análise, ao invés de ficar no escuro, perguntando-se o que aconteceu.
Automatizando processos
Freqüentemente, os candidatos preenchem longos formulários de inscrição, que precisam ser feitos em computadores. Mas por que não pelo celular? Esse método de recrutamento está cada vez mais em ascensão. Afinal, muitos candidatos acham que preencher longos formulários cria uma experiência negativa de procura de emprego.
Os chatbots podem ser usados para selecionar candidatos, fazendo-lhes uma série de perguntas via texto. Isso não é apenas rápido, mas também mais envolvente. Isso tira a pressão dos candidatos e economiza tempo e energia. O assistente virtual pode coletar dados, examinar currículos e encontrar informações relevantes para a função, limitando as aplicações adequadas e tornando o processo mais fácil, fornecendo o feedback. Também pode rejeitar um candidato ou agendar uma entrevista, por meio do calendário da empresa, ou mesmo um sistema integrado de reservas online.
O chatbot também pode estar nas redes sociais. Se um candidato tiver alguma dúvida, pode entrar em contato com a sua empresa no Facebook ou Whatsapp. Assim, ele obterá uma resposta rápida e precisa, o que lhe dará uma boa impressão.
Existem desvantagens para os chatbots?
Para começar, há uma ideia de que o chat pode ser muito robótico, pois nem sempre é programado para usar gírias ou coloquialismos. No entanto, enquanto antes era verdade que os chatbots lutavam para entender metáforas, gírias e outros discursos fora do padrão, hoje foram aprimorados e são capazes de entender frases e mensagens muito mais complicadas ou incomuns. Isso se deve, em grande parte, à tecnologia de processamento de linguagem natural (PNL).
Outro problema é a falta de calor humano. Mesmo assim, os desenvolvedores têm trabalhado muito para resolver esse problema. AIML (Artificial Intelligence Markup Language) é a forma como os engenheiros programam a linguagem do chatbot. Hoje, depois de reconhecer o problema com carinho, os chatbots são muito mais amigáveis e falam de uma forma muito mais humana.
Lembre-se, porém, de que os chatbots não são substitutos de humanos. Talvez, um dia, mas não hoje. O que significa que, embora os bots ajudem muito a economizar tempo e dinheiro, é um ser humano que tem a palavra final.
Assim como em uma interação B2C, um candidato contará ao mundo se tiver uma experiência negativa. Levantamento da consultoria Software Advice aponta que 59% das pessoas que têm uma experiência ruim com um sistema tentarão afastar outras pessoas, enquanto que 88% dos candidatos com boa experiência dirão às pessoas para se candidatarem à empresa.
Então, para evitar uma crítica negativa em plataformas como Glassdoor, dê às pessoas uma boa experiência e mantenha a comunicação com um chatbot. Quer consigam o emprego ou não.