Do porta a porta à rede: Como a digitalização obrigou o vendedor a mudar sua forma de trabalho? Por Fábio Oliveira*
/ Concebida como conhecemos hoje, a profissão de vendedor data da época da Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, da metade do século XVIII até a metade do XIX. De lá para cá muita coisa mudou tanto no mercado de vendas como no mundo. Se puder destacar em duas etapas a evolução da profissão, acredito que elas ocorreram, principalmente, após a industrialização, que começou nos USA, e depois chegou ao Brasil, e mais recentemente com a digitalização que tomou conta de quase todos os segmentos.
Partindo das primeiras lembranças que temos do vendedor, imaginamos aquele típico profissional engravatado, com uma maleta marrom nas mãos batendo de porta em porta para oferecer seus produtos ou serviços. Tem ainda o profissional que conquistou maior profissionalização e passou a atuar de dentro das empresas, por telefone, fax e mais recentemente o e-mail. Ali começava a digitalização, que ainda assim já é muito distante do que temos hoje.
Um fenômeno bem recente chamado smartphone mudou por completo a vida de quem garante o sustento vendendo. Além de ter o seu e-mail ali na palma da mão, sms e depois o whatsapp aproximaram de forma, até então impensável, o profissional do seu target. As estratégias de vendas passaram a ser completamente mobile, e isso mesmo antes da pandemia do novo coronavírus. Pensar, agir e vender por meio de um app é uma transformação por completo de uma das profissões mais antigas do mundo.
A agilidade, comodidade e fluidez que o trabalho remoto oferece trouxe um ar novo para os profissionais que já atuavam e também passou a ser um atrativo para quem está entrando na profissão. Acredito, que nesse sentido, a pandemia tem um papel fundamental para aceleração desse processo de digitalização das vendas. Fomos obrigados a mudar o mindset e vender pela internet. Ou era assim ou era nada, e isso, com certeza abriu os olhos de quem ainda se recusava a ver o potencial do “novo”.
Ainda que a automatização tenha crescido e possa assustar os profissionais, o contato humano ainda é o catalizador. A segurança de ter do outro lado da tela alguém que garanta que o que você está comprando vale a pena é fator decisivo na maioria dos casos. Não acho, entretanto que o porta porta deva ser invalidado, acredito que uma soma de todas as possibilidades é que farão o vendedor continuar sendo essencial para todas as pontes, tanto o negócio quanto o consumidor. A evolução não precisa extinguir, mas precisa necessariamente ser integrada. É o caminho.