Tendências tecnológicas para as empresas em 2023: quais são as tecnologias e setores mais promissores do mercado? Por Severino Benner*
Ao iniciar um novo ano, é comum as companhias se organizarem para executar seus planejamentos estratégicos e definir de quais formas atingirão suas principais metas. Para isso, a tecnologia pode ser uma grande aliada, otimizando processos, facilitando a gestão, expandindo a digitalização das operações empresariais e gerando indicadores para cada área ou mesmo para todo processo de negócio.
Durante todo o ano de 2022, novas tecnologias foram implementadas em organizações dos mais variados setores, a fim de ampliar a capacidade digital para atender, com cada vez mais excelência, as demandas crescentes do mercado atual. No entanto, dependendo do nível de maturidade, tal evolução ainda precisa ser lapidada dentro de algumas companhias.
Tendo em vista este cenário, quais tendências tecnológicas deverão ser o principal foco das empresas em 2023? De acordo com o levantamento anual do Gartner, para este ano, dentre diversas tendências, sustentabilidade e plataformas na nuvem serão primordiais para o desenvolvimento dos negócios empresariais. Mas além destas, quais são os outros pontos de atenção? E, em relação aos segmentos de mercado, há algum que deva se preocupar mais com sua conectividade e digitalização?
Maior adesão à nuvem, advento do 5G e investimento em segurança
Com o objetivo de reduzir alguns custos, as companhias buscam cada vez mais opções de infraestruturas tecnológicas de qualidade elevada. Neste momento, a nuvem surge como uma possibilidade vantajosa para aqueles que notam que compartilhar pode ser melhor do que possuir. Aderir à nuvem é como morar em um condomínio, compartilhando uma série de recursos, mas podendo obter uma economia sob a perspectiva geral. Temos nuvens públicas globais ou as regionais, geralmente mais econômicas. Por isso é necessário avaliar a real necessidade de adoção do tipo de nuvem para que o custo não inviabilize a migração.
Além disso, a computação em cloud segue como uma forte opção por conta das crescentes adversidades com a segurança cibernética, outra importante tendência tecnológica para 2023. Com os dados armazenados em nuvem, o risco de um possível ataque cibernético, e consequente vazamento de informações, é menor. Sendo assim, faz-se necessário que a empresa observe e cumpra três itens essenciais para manter sua segurança tecnológica: compliance interno, mitigação do risco de ataques e adequação às exigências da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
Por outro lado, com o aumento da digitalização, uma das principais tendências tecnológicas para este ano será a consolidação do Mobile 5G, o qual fortalecerá ainda mais a adesão à nuvem nas organizações. Todos os principais processos estão caminhando para a palma da mão dos decisores, ou seja, para os celulares e aparelhos mobile, permitindo tomadas de decisão a qualquer momento e de qualquer lugar. Para que uma empresa possa realizar operações e alterar rotas importantes sem espera, o 5G torna-se imprescindível, possibilitando maior mobilidade e agilidade às companhias, bem como escalabilidade, especialmente aos serviços armazenados e conectados à nuvem.
ESG nas empresas e mudanças nos modelos de trabalho
Pode-se dizer que, atualmente, o mercado financeiro tem priorizado investir em empresas que estão alinhadas às práticas do ESG (Governança ambiental, social e corporativa). Desta forma, será necessário, durante o percurso deste novo ano, que as organizações invistam ainda mais nesta questão. Com relação às grandes empresas que já possuem certificados alinhados ao ESG, é necessário atentar-se, pois, certamente, exigirão padrões semelhantes de seus fornecedores, e assim por diante.
Ou seja, não há escapatória, uma vez que as empresas deverão se enquadrar nas políticas do ESG, garantindo a redução de sua emissão de carbono, condições mais sustentáveis de trabalho e locomoção aos seus colaboradores, além de preparar seus sistemas para coletar informações essenciais para a elaboração de novos projetos sustentáveis, para tanto, os softwares de gestão precisam estar preparados para gerar esses indicadores.
No mesmo sentido, visando promover maior retenção de mão de obra qualificada, outra tendência tecnológica para 2023 será a necessidade de as empresas repensarem seus modelos de trabalho. De acordo com um relatório da Brasscom, o setor de Tecnologia da Informação, por exemplo, aponta uma demanda média de 159 mil profissionais ao ano até 2025, cujas áreas que terão maior demanda são Inteligência Artificial, Big Data & Analytics, Nuvem e Web Mobile.
Assim, a demanda por profissionais qualificados segue aumentando no mercado tecnológico brasileiro, enquanto a falta de mão de obra e concorrência com empresas estrangeiras surgem como um desafio para as organizações. Por conta disto, as companhias deverão considerar cada vez mais a criação de novos programas de retenção, com uma série de compensações e bônus aos colaboradores, além de, se possível, oferecer programas de trainee e cursos empresariais de capacitação e desenvolvimento profissionais, com tecnologias de ponta para otimizar a performance de seus contratados, garantindo sua máxima satisfação na empresa. Para isso, a adoção de ferramentas de avaliação de desempenho, feedbacks, indicadores e plano de desenvolvimento individual para acelerar o desenvolvimento se torna indispensável nesse processo.
Além do mais, será preciso também avaliar o modelo Home Office, o qual tornou-se comum em diversas organizações após a irrupção da pandemia de Covid-19. Apesar do comodismo e flexibilidade, nem sempre esta será a melhor opção para as empresas. É preciso lembrar que menos de 20% das casas brasileiras não possuem a infraestrutura adequada para sejam realizadas atividades de trabalho em home office, segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre).
Outro fator agravante do home office é a falta ou dificuldade de total integração dos times, aprendizado e a troca de experiências diárias. Logo, é fato que este modelo não deverá ser 100% adotado em grande parte das empresas neste ano, as quais provavelmente optarão pelos modelos totalmente presencial ou híbrido, o qual tem trazido excelentes resultados aos negócios, mas é preciso ter infraestrutura e planejamento, pois um ambiente tecnologicamente despreparado pode impactar na produtividade.
Saúde: um setor promissor à digitalização
De acordo com um levantamento publicado pela EXAME, o setor de saúde está entre os mais promissores para se investir. Isto por que, apesar do avanço tecnológico provocado pelas novas demandas trazidas pela pandemia, o segmento ainda está posicionado em um estágio inicial de digitalização e possui baixo nível de adoção de ferramentas de risco, prevenção e atenção primária do usuário, se comparado a outros setores de mercado, como o financeiro e varejista.
Além disso, após o período pandêmico, muitas pessoas passaram a se preocupar mais com seu estado de saúde, buscando realizar mais frequentemente exames e consultas, sejam preventivas ou para algum tipo de tratamento, mas nem sempre conseguem ser atendidas de forma eficaz. Consequentemente, o setor de saúde deverá investir em melhorias, otimização dos processos tecnológicos, inclusão de novas ferramentas digitais e treinamentos especializados de seus profissionais, a fim de atender com qualidade a essa demanda especializada, bem como buscar uma redução do sinistro para manter as operadoras e hospitais sustentáveis. O investimento precisa começar a ser feito na prevenção de doenças e nos tratamentos e acompanhamentos personalizados para reduzir as internações e emergências.
Portanto, as tendências tecnológicas para 2023, sejam focadas nos negócios das empresas, ou no sucesso particular dos setores mais promissores, possuem o grande objetivo de contribuir com a otimização das operações, digitalização dos processos mecânicos e êxito das metas a serem atingidas, garantindo uma crescente alavancagem da economia brasileira de maneira geral e, ainda, colaborando com o meio ambiente, por conta da adoção de práticas ESG.
*Severino Benner é CEO do Grupo Benner