LGPD abre oportunidades para os alfabetizados em dados, por Olimpio Pereira*
/ Desde 2018 o assunto “dados pessoais” ganhou mais importância no mercado. Isso porque, naquele ano, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi publicada, o que gerou discussões sobre como empresas e governos estão utilizando as nossas informações. O que para alguns soou como uma barreira no avanço das organizações, para outros foi visto como uma oportunidade, uma forma de aprimorar e evoluir no modelo de negócio que preza, cada vez mais, pela privacidade dos seus clientes.
Na última década, com as nossas vidas cada vez mais conectadas, percebemos uma explosão de dados. De acordo com a consultoria IDC, o que em 2018 foram 33 zetabytes gerados anualmente, em 2025, serão 175 ZB de dados criados, capturados e replicados, o que significa que cada pessoa conectada terá pelo menos uma interação com dados a cada 18 segundos. Com todas essas informações disponíveis, as organizações que souberem utilizá-las da melhor forma poderão conhecer melhor seus clientes e oferecer experiências mais personalizadas, de modo transparente e seguro. Os dados permitem que você saiba o que é importante para aquele consumidor e qual problema você pode ajudá-lo a resolver, sem que ele precise lhe dizer.
Mas para que essa jornada se torne realmente eficiente com a chegada da LGPD, a adequação das empresas precisa ir além de suas políticas. É necessário que os funcionários também estejam preparados para lidar com a nova regulamentação. Nesse cenário, ter a capacidade de ler, trabalhar, analisar e discutir com dados, ou seja, ser alfabetizado em dados, é crucial para qualquer profissional. Um alto nível de compreensão de todos esses elementos torna possível identificar com facilidade quais informações pessoais podem ou não ser utilizadas. Isso permitirá que ao fazer uma pesquisa, por exemplo, as pessoas se perguntem o quão aquela informação é relevante e se ela realmente precisaria estar disponível.
Uma pesquisa divulgada recentemente pela Qlik mostra que 63% das empresas procura ativamente por candidatos em todas as partes da organização que possam demonstrar sua capacidade de usar, trabalhar e analisar dados. Porém, 50% das organizações afirmam não oferecer treinamento para os seus próprios funcionários e apenas 34% possuem algum programa do tipo em vigor.
Ter colaboradores preparados é essencial em um mundo pós-LGPD, visto que a lei faz com que todos sejam responsáveis por cuidar da segurança e privacidade das informações. As empresas precisam se organizar e criar processos e políticas de governança claras e concisas, que não bloqueiem o acesso a dados importantes e que sirvam como base para decisões de negócios e do dia a dia. Isso combinado a programas de treinamento em alfabetização de dados irão garantir que a organização está tratando os dados de maneira ética, aberta e transparente.