O que aprendemos em um ano de home-office? Por Carlos Secron*
/ Quem poderia imaginar um mundo onde grande parte das empresas adaptariam suas estruturas de trabalho ao home-office em menos de 15 dias? O que parecia ser algo impossível, aconteceu e já dura um ano. Em dezembro de 2020, essa era a rotina padrão de 43% das empresas no país, segundo dados da consultoria BTA.
Enquanto a transição foi tranquila para algumas, para outras foi e ainda está sendo extremamente complicada. Mas, essa parece ser uma tendência que veio para ficar. Segundo um estudo feito pela FGV, esse modelo de trabalho deve crescer 30% no país em um cenário pós pandemia.
Enfrentamos altos e baixos, mas muitas lições têm sido aprendidas. Aponto aqui as seis mais importantes para a nossa própria empresa, a Pontaltech.
- Necessidade de planejamento: Uma das nossas maiores preocupações foi como manter as rotinas de trabalho, o alinhamento de expectativas, a comunicação e, principalmente, como conciliar tudo isso com questões pessoais, em especial para os que tem filhos pequenos. Diante de tantas situações aparentemente complicadas, a melhor forma de gerenciá-los é se planejando – afinal, se não tivermos o mínimo de organização, tudo isso pode rapidamente se tornar um caos.
- Aumento da produtividade: Contrariando a ideia de que o home-office causa enormes distrações aos profissionais, uma pesquisa realizada pela Pulses mostrou que 78% dos brasileiros se sentem mais produtivos trabalhando remotamente. Ao trabalhar de casa, os profissionais não precisam gastar tempo se deslocando até a sede da empresa e podem personalizar seu local de trabalho de acordo com o que mais lhe agrada (conforto, iluminação, música de fundo).
- Autonomia e agilidade: Acompanhar de perto o trabalho de cada profissional pode se tornar uma missão difícil no home-office, especialmente para empresas de grande porte. Nesse sentido, a autonomia e agilidade das equipes faz diferença. Reuniões desnecessárias e conversas aleatórias foram consideravelmente reduzidas, dando espaço para reuniões programadas que aumentaram a agilidade e eficiência no desempenho das tarefas. Isso contribuiu para que a organização das entregas fique cada vez mais clara e objetiva.
- Monitoramento de resultados: Monitorar os resultados das equipes é uma estratégia fundamental para analisar o que está dando certo e o que deve ser aperfeiçoado. Com o home-office, isso se tornou ainda mais importante. Uma das nossas estratégias foi a adoção de ferramentas para gestão de OKRs e controle de projetos, que mostram questões como os resultados conquistados por cada equipe ou individualmente, além do tempo gasto. Ter controle é imprescindível em uma situação como essa.
- Importância da comunicação: Manter uma comunicação clara e assertiva é um fator indispensável para qualquer empresa, e sua falta pode acarretar interpretações equivocadas e falhas na entrega de resultados. Para evitar esses problemas no home-office, é importante usar ferramentas de conversação online tanto interna, como o Slack, quanto externa, como o Meets e o Zoom. A comunicação precisa de uma atenção especial para que nada fique mal-entendido.
- Integração de novos funcionários: Uma das maiores vantagens do home-office é que se tornou possível contratar profissionais de outras regiões – ou até mesmo países – para integrar o time da empresa. Usando todas as ferramentas de comunicação e monitoramento, a integração desses profissionais à rotina da organização e a seus colegas se dá naturalmente. Obviamente, há sempre o cuidado de enviar um kit de boas-vindas, com mimos e material de trabalho para as casas dos colaboradores para que eles se sintam parte da equipe.
A conexão pessoal no dia a dia do trabalho continuará sendo importante. Mas, esse um ano de home-office provou que não há a menor necessidade de reunir todo mundo no mesmo local ao mesmo tempo para gerar bons resultados. É preciso ter confiança nos colaboradores e deixá-los encontrarem os melhores caminhos para atingirem os resultados esperados. Aqui, isso tem dado certo.
*Carlos Secron é CEO fundador da Pontaltech