O metaverso já é “real” quando se trata do mercado de fidelidade? Por Paulo Curro*
Premiar clientes por completarem jornadas em uma realidade virtual, com símbolos eletrônicos colecionáveis e únicos, armazenados em um banco de dados avançado e imutável. Essa é sequência que parece um pouco longe do usual, quase no campo da ficção científica. Mas, programas de fidelidade que utilizam essas ferramentas — metaverso, NFTs e blockchain –, deixaram de estar em uma perspectiva de futuro e já fazem parte do dia a dia.
Exemplos não faltam. O Starbucks Odyssey, da gigante do café, já conta com plataforma em que os clientes, ao participarem de atividades interativas, ganham NFTs. A fintech Liquid Avatar colocou à disposição dos consumidores, dos EUA, um cartão de crédito e um programa de fidelidade para o metaverso, que premia também as atividades na realidade virtual e outras experiências imersivas.
Tem exemplo na Moda, com a Louis Vuitton e seu Louis The Game, iniciativa que fundiu jogos, NFTs e o metaverso. Conforme jogam, seus clientes acumulam colecionáveis que não são vendidos e só podem ser obtidos dessa forma. A Adidas já vendeu US$ 22 milhões em NFTs em questão de horas, e o Grupo Carrefour comprou um terreno no metaverso e lançou o projeto NFBees, com a criação de uma coleção de 16 NFTs e dois games que serão lançados simultaneamente em vários países.
O presente já cobra das empresas a exploração de novas realidades, isso porque existe um movimento crescente que visualiza as experiências físicas e virtuais de forma sensorial parecida, válida e palpável. E o valor de socializar, trabalhar e se divertir nesses ambientes pode agregar engajamento ao mundo da fidelização, pois são iniciativas que aumentam o envolvimento com as marcas.
Nestes exemplos, que são só alguns, vemos ações que promovem pertencimento a uma comunidade, imersão na cultura da marca, recompensas exclusivas, com potencial de conectar companhias com seus clientes que buscam, cada vez, mais experiências únicas que tragam prazer aos atos de acumular ou resgatar benefícios.
Estar nesses espaços novos e cheios de amplas possibilidades se mostra uma maneira efetiva de gerar engajamento entre todos os canais de interação do programa, além da tão cobiçada personalização, que há alguns anos já é essencial. Por isso, todos precisamos entender que há mais de uma realidade e é possível engajar o cliente em todas elas.
*Paulo Curro é diretor executivo da ABEMF (Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização)