Mundo BANI: uma visão estratégica e customercentric do futuro, por Fernanda Grolla*
Promover inovação é uma habilidade cada vez mais valorizada, almejada e necessária para os negócios, e com a pandemia isso ficou muito evidente. No entanto, as transformações que vivenciamos de 2020 para cá, principalmente a aceleração digital, nos levam a repensar todos os conceitos associados à inovação que até então conhecíamos, porque o mundo definitivamente não é mais o mesmo. Um deles é o termo VUCA, que descreve a volatilidade (volatility), a incerteza (uncertainty), a complexidade (complexity) e a ambiguidade (ambiguity) das condições e situações gerais.
Criado há mais de 30 anos, o acrônimo VUCA foi empregado pelo U.S Army War College na década de 90 para explicar o mundo no cenário pós-Guerra Fria e vinha sendo utilizado desde então por empresas, organizações, governos e instituições de ensino para descrever de maneira geral diferentes cenários desafiadores e complexos. O termo VUCA também é comumente utilizado na expressão “Mundo VUCA” como uma forma de resumir as características da sociedade atual e a velocidade com que diversos aspectos do mundo em que vivemos (como a ciência, tecnologia e negócios) evoluem e se transformam.
O contexto atual nos mostra que inovar por si só não basta. É preciso ser capaz de imaginar e criar futuros a partir de um olhar profundo para as pessoas. Por isso, pensar em “VUCA” não é mais suficiente, porque precisamos nos antecipar a mudanças cada vez mais rápidas e a tendências que se sobrepõem com velocidade. Sendo assim, o acrônimo BANI (frágil, ansioso, não linear e incompreensível, ou brittle, anxious, nonlinear e incomprehensible, em inglês) se sobrepõe como uma espécie de upgrade do VUCA, já que se enquadra melhor em um cenário de futuro cada vez mais incerto e com tendências antes previstas para os próximos 5 anos rapidamente se tornando realidade.
Quando o autor, antropólogo e futurista Jamais Cascio começou a falar em BANI lá pelos idos de 2018, creio que ele (na verdade, quem?) não imaginava que a pandemia nos pegaria de surpresa, muito menos que ela aceleraria a transformação digital para tanta gente. O mais interessante do conceito BANI é que nos permite ver e estruturar o que está acontecendo ao nosso redor, nos sugerindo oportunidades de resposta úteis – o que, vamos combinar, é fundamental neste momento tão dinâmico em que vivemos. Pelo olhar de Jamais Cascio, a fragilidade pode ser encarada com resiliência e liberdade. A ansiedade, por sua vez, pode ser aliviada mediante empatia e atenção plena. A não linearidade requer flexibilidade. E a incompreensibilidade pede transparência e intuição. Em resumo, a estrutura do BANI nos permite articular situações cada vez mais comuns – mas que de tão incompreensíveis apresentam condições caóticas, e nas quais os resultados são completamente imprevisíveis.
Assim como nós, as organizações que buscam prosperar e trazer disrupções sob a nova ótica que surgiu em com a pandemia precisam entender que no Mundo BANI a nossa sociedade e as nossas tecnologias deixam de ser familiares em questão de horas, e as mudanças em curso não são familiares, mas disruptivas e desorientadoras. É preciso estar preparado para as situações incompreensíveis e caóticas. O Mundo BANI reflete muito mais o ser humano e a forma como ele se sente diante desses cenários, como uma tradução do que muitos de nós estamos sentindo. E isso, nas estratégias customercentric pode ser um fator decisivo, já que em um Mundo BANI podemos errar e, de maneira rápida, corrigir rapidamente e repetir a operação. Sempre colocando o cliente no centro, exatamente como fazemos.
*Fernanda Grolla é Vice-Presidente de Customer Experience da Neo