Inteligência artificial e as perspectivas para 2022, por Nelson Shimabukuro*
Recentemente, o CEO do Google, Sundar Pichai, disse observar a inteligência artificial como um marco inigualável ao surgimento do fogo e da eletricidade. Talvez tal declaração seja um ouco exagerada, embora esta seja uma tecnologia que vem movimentando os segmentos da indústria e de serviços tecnológicos e econômicos.
Várias são as tendências e em 2022 vamos ver uma evolução e o impacto da inteligência artificial nos seguintes segmentos:
- Administração e os negócios: sempre buscaram eficiência através da tecnologia, pois isso traz retorno ampliado aos acionistas. Uma das fortes tendências com a inteligência artificial é a ampliação da força de trabalho, como já visto na produção de sanduíches através de robôs, cafeterias e restaurantes com sistemas robotizados, ou ainda engenheiros de obras acompanhando os projetos por meio de sistema de realidade aumentada.
- A modelagem da linguagem: realizada por meio da inteligência artificial, são técnicas estatísticas que determinam a probabilidade de uma sequência de palavras acontecer na comunicação de máquinas com humanos.
- Cibersegurança: já está sendo utilizada fortemente, mas como observado nos últimos anos, as questões de segurança estão ficando mais frequentes, como em casos de números de ataques a cidades. Não existe uma forma de ter pessoas analisando cada um destes processos, então há uma tendência maior do uso da inteligência artificial para a solução de cibercrimes, ataques, identificação de problemas e alertas em redes.
- Relação com o metaverso: Viralizou a partir das declarações de Zuckerberg, nas quais ele relata o desejo de fazer a conexão das redes sociais com ambientes totalmente virtuais. Algumas atividades como interação e construção de ambientes muito provavelmente serão feitas pela inteligência artificial.
- Desenvolvimento de aplicações ou sistemas utilizando poucos códigos: atualmente já é possível criar sites com ferramentas que não exigem capacidade de programação diretamente. A inteligência auxilia e em algumas situações até elimina a necessidade de programação de sistemas. Também já é observado uma carência grande de programadores experientes em determinadas ferramentas e plataformas. Portanto, uma das formas de melhorar a eficiência da programação é utilizando a inteligência artificial para a criação autônoma de sistemas através de conjuntos similares ao lego.
- Veículos autônomos: já estão disponíveis no Brasil e em todo o mundo, carros semiautônomos, com algumas ferramentas da inteligência artificial como piloto automático adaptativo, ajuste de velocidade conforme o trânsito e frenagem automática. Em situações nas quais o condutor não está atento, o sistema identifica um problema e o carro é freado.
Considerando que existem 1,3 milhões de mortes por ano por acidentes automobilísticos, há um espaço grande para melhorar essa estatística tão estarrecedora, a tendência é cada vez mais embarcar sistemas artificiais em veículos, não só terrestres, mas aéreos e marítimos. A Tesla anunciou recentemente um veículo autônomo para 2022, já a IBM anunciou um sistema de navio semiautônomo. - Criatividade tecnológica: o Google Brain e GPT 4, sistema de modelagem de linguagem, são alguns exemplos.
Apesar da inteligência artificial não ser tão impactante como fogo e eletricidade, ela está tomando um vulto extremamente relevante na sociedade e pouco a pouco sendo inserida em vários ambientes e situações do cotidiano das pessoas. A perspectiva é que atividades operacionais e repetitivas sejam feitas de forma autônoma utilizando em maior ou menor nível as facilidades desta tecnologia, fazendo com que os seres humanos sejam orientados para atividades mais nobres.
Vale ressaltar que, no Brasil, há um grande problema de desemprego e temos a população em diferentes estágios de conhecimento, podendo aproveitar ou ser prejudicados por estas tecnologias. Portanto, é importante que os governos entendam qual a maneira mais perspicaz de evoluir com a inteligência artificial, de forma que a sociedade como um todo se beneficie, mas sem prejudicar setores que ainda não estão prontos ou prepará-los com antecedência.
*Nelson Shimabukuro, especialista em Inteligência Artificial da Universidade Presbiteriana Mackenzie Alphaville