Home office: o desafio da gestão à distância, por José Carlos do Nascimento*
/ A pandemia mudou a vida de todos e aos poucos estamos vivenciando a retomada das atividades em diversos setores. Porém, em muitas empresas, o home office chegou para ficar. Segundo o IBGE, em maio de 2020, 8.7 milhões de trabalhadores desempenhavam suas atividades de casa, inclusive em funções incomuns fora do escritório – como operador de call center, por exemplo. O fato é que empresas e colaboradores se adaptaram bem e em alguns casos, com ganhos significativos de produtividade e melhora na qualidade de vida. Mas o trabalho remoto traz consigo alguns desafios e propõe repensar a gestão de pessoas.
O primeiro passo é entender que o ambiente de trabalho não está mais delimitado ao espaço físico do escritório. Agora, a empresa está dentro da casa do seu colaborador e isso requer adaptações para que esse local seja adaptado ao trabalho. Ou seja, cabe a empresa providenciar equipamentos necessários para a realização das atividades como, computador e telefone – para que ele desempenhe suas atividades de forma saudável, eficiente e produtiva. O pacote de benefícios também pode ser rediscutido. Algumas companhias fizeram a troca do vale-refeição pelo vale-alimentação e muitas optaram por pagar uma ajuda de custos para despesas como internet. Porém, antes de mudar, é importante entender a legislação do trabalho em home office e ouvir as necessidades do seu time.
A distância física impõe barreiras para a interação e o convívio social, portanto, é essencial promover o engajamento com momentos para pessoas falarem e serem ouvidas. Vale reuniões diárias ou semanais, tudo depende do tamanho e dinâmica de trabalho e ter encontros virtuais focados na descontração e bem-estar como por exemplo: café, happy hour, live sobre saúde mental, festa junina e ginástica laboral. Tudo dentro do horário de expediente já que outro aspecto importante é a preocupação com a saúde física e mental do colaborador. E neste período, muitos profissionais estão excedendo a carga horária e ignorando as pausas para almoço e café.
A área de Recursos Humanos e as lideranças precisam estar atentos aos sinais de algo que não está bem e quando necessário, encaminhar o funcionário para apoio psicológico – nem todo mundo lida bem com o isolamento social e aliado ao excesso de trabalho é normal surgirem questões como cansaço, ansiedade e desmotivação. São diferentes perfis lidando com uma situação nova: mães e pais, que precisam conciliar cuidar dos filhos e trabalhar; quem é mais extrovertido que acaba sentindo mais forte o distanciamento, bem como aquelas que moram sozinhas e sentem mais solitárias.
Adotar o home office traz inúmeros benefícios, mas exige uma gestão ainda mais próxima e um cuidado contínuo com as pessoas. Pensando nisso, listei algumas boas práticas para ajudar os gestores de uma forma geral:
• Estimule que todos abram a câmera, durante as reuniões. A interação visual
aproxima as pessoas;
• Adote ferramentas de organização e comunicação – existem muitas gratuitas.
Elas facilitam o dia a dia e estimulam o contato entre todos;
• Faça reuniões mais curtas, com horas quebradas, deixando 10 minutinhos de pausa para uma água e/ou um café;
• Formalize um horário de almoço para estimular uma pausa;
• Evite marcar mais de duas reuniões seguidas – o cérebro fica cansado mais rápido porque gasta mais energia para interpretar os estímulos das videoconferências, o famoso zoom fatigue;
• Promova uma cultura de acolhimento para que todos sejam compreensivos com os colegas que têm filhos, familiares idosos e/ou outras responsabilidades;
• Participe das ações de interação entre as equipes;
• Desconecte-se por completo ao final do expediente.
*José Carlos do Nascimento é diretor de RH da ao³