Futuro do trabalho: como a pandemia está influenciando o perfil dos funcionários
Dados apontam tendência de permanência do trabalho remoto, mesmo após controle da situação pandêmica
A pandemia de coronavírus mudou inteiramente a forma como as pessoas se relacionam – o que antes eram multidões de pessoas indo para lá e para cá, lotando bares e restaurantes, hoje são ruas vazias e salas de videochamada lotadas. Devido ao isolamento social, a impossibilidade de encontros presenciais fez com que a internet bombasse em 2020, ano em que o número de contaminações pelo vírus explodiu. O mercado de trabalho também mudou com isso. A nova dinâmica social que impôs o mundo virtual como a realidade possível fez com que diversas empresas resistentes ao home office tivessem de torcer o braço para a possibilidade.
O cenário antes da pandemia era completamente diferente do que vemos agora. Segundo o relatório da Eurofund e Organização Internacional do Trabalho (OIT), apenas 3% dos trabalhadores assalariados no mundo trabalhavam no regime home office; já uma pesquisa realizada pela FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo), em parceria com a FIA (Fundação Instituto de Administração), aponta que 55% dos mais de 1.500 brasileiros entrevistados trabalhavam presencialmente na empresa. Com o regime de home office forçado, devido à pandemia, o cenário com certeza deve mudar após a melhora da situação sanitária e econômica.
Como será o profissional pós-pandemia
Por conta da longa duração da pandemia, é de se esperar que os trabalhadores acabem criando um novo conjunto de hábitos e práticas durante o trabalho, o que deve refletir em uma mudança no estilo dos profissionais no cenário do pós pandemia.
A tendência é de que os funcionários prefiram trabalhar de casa – ainda na pesquisa realizada pela FEA e pela FIA, 70% das pessoas entrevistadas afirmaram que gostariam de continuar trabalhando de casa, e 94% consideram que a modalidade de trabalho não interferiu no comprometimento com a empresa e com o trabalho. O grande benefício do home office é a redução dos custos com as contas de água, luz e internet, reduzindo o tamanho do escritório físico e também diminuindo o tempo de transporte dos funcionários, o que muitas vezes é motivo de transtorno até para a qualidade de vida e de trabalho.
Todas as áreas de trabalho foram afetadas e tiveram de aderir ao mundo online e à automação de processos nas áreas dos profissionais formados em administração, engenharia de produção EAD, comunicação e educação (esta, em especial, com o advento da educação a distância). Ibre Daniel Duque, pesquisador da FGV (Fundação Getúlio Vargas) afirma que a volta à “vida normal” será gradual, mas, quando enfim voltar, o movimento das empresas é migrar totalmente para o digital.
Entre os trabalhadores do setor de comércio, por exemplo, o uso de tecnologias relacionadas ao e-commerce e o atendimento de clientes por meio de canais virtuais acabou se tornando mais natural durante a pandemia, o que pode resultar em empresas cada vez mais digitalizadas. O atendimento online também se tornou mais frequente no setor de atendimento médico, por meio da telemedicina, outra prática que deve continuar sendo adotada pelos profissionais da área.
Apesar dos pontos positivos que surgiram por conta da mudança nos modelos de trabalho durante a pandemia, muitos profissionais foram afetados negativamente. Esse é o caso de jovens que estavam nos estágios finais da faculdade e no processo de ingressar no mercado de trabalho, e acabaram não adquirindo a experiência oferecida nesse momento da formação. Sem orientações práticas e experiências mais palpáveis, esse grupo precisa de cuidado especial, e as empresas devem estar preparadas para integrar e instruir os jovens de maneira clara, levando em consideração o momento enfrentado.