O desafio da inclusão LGBTQI+ no mundo corporativo, por Rogerio Perez*
/ Desde a Rebelião de Stonewall de 1969 na cidade de Nova York, junho se tornou o mês de celebrar com orgulho e muita cor os avanços sociais e legais da comunidade LGBTQI+. Mas, acima de tudo, se tornou o período do ano para refletirmos sobre o quanto ainda é necessário avançar, no que diz respeito à igualdade de direitos. Por isso, avalio o mês com a minha visão sobre como está a nossa evolução no tema.
É preciso de muita coragem para se identificar e se declarar parte desta comunidade, especialmente no ambiente de trabalho. Segundo dados do estudo global da Outnow, 41% dos jovens com idade entre 18 e 25 anos que são abertamente LGBTQI+ preferem não expressar a sua sexualidade quando buscam por emprego, isso, para evitar qualquer tipo de desconforto ou discriminação e igualizar oportunidades com candidatos heterossexuais e binários.
Vejo que muitas empresas em todo o mundo adotaram políticas a favor da diversidade, equidade e inclusão, a fim de que seus colaboradores se sintam parte de um ambiente verdadeiramente inclusivo. Em um mundo cheio de violência e discriminação, as empresas devem sim assumir uma postura ativa para sensibilizar e inspirar todos os seus colaboradores a respeitarem a comunidade LGBTQI+, garantindo um espaço seguro a eles.
Algumas formas de promover isso ativamente no ambiente corporativo é por meio da realização de eventos periódicos sobre diversidade, alterações nas políticas de contratação e de direitos dos colaboradores e treinamentos recorrentes sobre o tema. Ao meu ver, é um dos legados positivos que qualquer empresa pode deixar para a sociedade, porque não permitir qualquer tipo de discriminação em termos de direitos, benefícios e experiência dos colaboradores é o básico que toda companhia deve fazer.
A emergência da pandemia deste ano gerou uma mudança radical na agenda 2020, mas o compromisso de continuar fomentando a educação sobre inclusão e diversidade deve continuar. Exemplo disso é o movimento #blacklivesmatter, acentuado no último mês pela morte do norteamericano George Floyd. Se a comunidade negra tivesse ficado calada diante do que aconteceu, não teria sido ouvida pelo mundo e nem recebido o apoio de outros grupos étnicos, como recebeu.
O distanciamento físico que vivemos expõe a sensação da não inclusão para todos, mas se mantém a convicção de que os direitos são inerentes a todas as pessoas. Não basta falar de diversidade, é preciso agir como uma comunidade verdadeiramente diversa. Há a necessidade de continuar batalhando e enfrentar o monstro da discriminação que, infelizmente, ainda está presente hoje. Eu continuarei questionando, rejeitando e educando sobre qualquer ato que incite à discriminação e ao ódio. E você?