No Brasil, 67,3% dos microempreendedores ainda vendem predominantemente por canais físicos
• Estudo da SumUp mostra que a digitalização ainda não chegou aos negócios da base da pirâmide
• Por outro lado, adoção das vendas digitais ajudou micronegócios a atravessar a pandemia
• Região mais digitalizada é a Nordeste, que tem menos empreendedores que dependem 100% de vendas físicas
As vendas digitais ainda não são uma realidade para os microempreendedores e profissionais autônomos brasileiros. Mais de dois terços deles comercializam, predominantemente, por canais físicos. Por outro lado, negócios cujo 100% de seu faturamento vêm da internet estão atravessando a pandemia com mais tranquilidade. É o que aponta um estudo sobre a digitalização dos micronegócios brasileiros realizado pela SumUp, empresa global de soluções financeiras para micro e pequenos negócios.
De acordo com a pesquisa, 67,3% dos microempreendedores e informais fazem vendas predominantemente físicas, ou seja, têm mais de 50% de suas receitas oriundas de transações presenciais. 10,4% dos participantes do estudo têm vendas predominantemente digitais, enquanto 22,4% afirmaram que suas receitas são 50% vindas do ambiente físico e 50% do digital. “Isso mostra que ainda há muito espaço para o crescimento das vendas digitais entre os microempreendedores da base da pirâmide”, afirma Meliza Pedroso, líder de marketing e comunicação da SumUp.
Apesar das vendas dos micronegócios serem em sua maioria físicas, um bom sinal é que a maioria das pessoas consultadas pela pesquisa entendem que a transformação é importante, inclusive, entre quem tem 100% das vendas realizadas no ambiente presencial: 58,4% deste público planejam faturar mais com vendas online no ano que vem.
O levantamento da fintech também mostra que a adoção das vendas digitais é benéfica para os micronegócios brasileiros — e os ajudou a enfrentar os desafios da pandemia com mais tranquilidade. Por exemplo, 25,2% dos microempreendedores que realizam algum tipo de venda online estão faturando mais hoje do que em março de 2020. Entre os negócios que atuam apenas com vendas físicas, esse porcentual é de apenas 16,7%.
A gestão dos microempreendedores e autônomos é, sobretudo, rudimentar ou inexistente. 37,5% usam cadernos e folhas de papel para controlar as finanças. 7,4% dos respondentes controlam tudo “de cabeça”, sem ferramenta alguma, enquanto 7,1% não fazem nenhum tipo de controle financeiro. Entre as ferramentas digitais de gestão, destacam-se os apps de celular, usados por 24,4% dos negócios da base da pirâmide.
A pesquisa também aponta que o WhatsApp é a principal ferramenta digital dos microempreendedores e informais brasileiros. O uso do app chega, por exemplo, a 88,3% dos negócios do setor de revendas. O serviço também é o mais usado no marketing: mais de 60% dos negócios usam o WhatsApp para promover seus negócios.
Já a região mais digitalizada, e com menos microempreendedores que vendem somente no ambiente físico — 41,8% — é a Nordeste. A região que mais depende do presencial é a Norte, onde 56,4% dos microempreendedores fazem vendas 100% físicas.
A pesquisa foi realizada entre os dias 3 e 10 de novembro de 2021, com 1652 microempreendedores e profissionais autônomos de todo o Brasil