Enfim, a real transformação digital, por Eduardo Guerreiro*
/ Nos últimos anos muito se fala sobre a transformação digital. O que era realmente, qual caminho trilhar e aonde se queria chegar. Pois bem… chegamos!
Quem diria – há pelo menos seis meses – que seríamos globalmente afetados por um vírus e obrigados, todos, a aderir em algum nível à transformação digital tão falada por muitos e tão pouco conhecida por uma fração privilegiada da sociedade. A transformação digital não apenas chegou, mas se tornou obrigatória para conseguirmos passar por esta fase tão desafiadora como a que estamos vivendo.
Em diversas ocasiões, sempre comentei que a real transformação digital era aquela que aproximasse as pessoas e organizações, com suas necessidades, oportunidades, convenientes ou não, financeiramente objetivadas ou não.
É exatamente o que estamos vendo agora. Aplicativos de diversas especialidades sendo testados ao extremo por uma população ávida por suprir suas necessidades básicas, como pedir comida, fazer compras no supermercado, em farmácias, todo e-commerce alavancado principalmente para negócios que ainda não se encontravam inseridos no mundo digital.
Falar com a família e amigos a poucos quilômetros de distância (por vezes muito menos que isso) deixou de ser um desafio entre gerações que não sabiam ainda usar um aplicativo no seu telefone e até participar de happy-hours virtuais. Realizar suas transações e operações financeiras em bancos tradicionais e digitais passou a ser o básico da tecnologia. Até a tão sonhada telemedicina, sempre barrada por questões legislativas e até éticas, pasmem, agora forçadamente implementada e encorajada por médicos, hospitais e planos de saúde, e na forma mais rápida possível. Olha o 5G aí! Chegando mais rápido que ele mesmo.
Mesmo as empresas de telefonia e provedores de internet estão ampliando sua capacidade para disponibilizar bandas maiores para que seus milhões de clientes possam, cada um deles, montar seu escritório virtual e conduzir seus trabalhos remotamente. Pessoas e empresas que nem sequer tinham políticas de segurança adequadas, ou mesmo que não permitiam esse tipo de trabalho, são obrigados a fazê-lo em tempo recorde, sobrecarregando e desafiando softwares de comunicação já nativos em nuvem para suas reuniões de trabalho, agora totalmente virtuais, colocando as capacidades de performance das clouds numa verdadeira prova de fogo.
E se falarmos então dos modelos analíticos e sistemas de big data direcionados a prever a expansão do vírus pelas cidades e por todo o planeta? Ou de toda a força computacional colocada em linha, por meio de inteligência artificial e nuvem, para encontrar os medicamentos e as vacinas mais apropriados para o combate ao vírus?
Estamos vendo a união de governos com empresas privadas, utilizando-se da tecnologia móvel (IoT), num tremendo big data com dados de georreferenciamento quase em tempo real e usando modelos preditivos para medir e antecipar o movimento da população pelos bairros e cidades.
Temos discussões sobre privacidade, limites da tecnologia, investimentos e prioridades políticas e sociais, colocando frente a frente governos, instituições, empresas, cidadãos e a sociedade em todas as suas esferas e classes sociais. São debates forçadamente necessários para soluções rápidas e inovadoras, que tragam de alguma forma alívio e suporte para ultrapassarmos essa crise sem precedentes. E ao fim dela, com certeza, evoluirmos em todos os níveis e camadas possíveis da nossa sociedade em todos os cantos do mundo.
Enfim, eis a real transformação digital na prática, de forma didática, prática, simplesmente disponibilizada, utilizada e explorada em progressão geométrica.
É disso que sempre falamos.