IA se consolida e se prepara para moldar estratégias em 2026. Por, Marcus Piombo*
A adoção da inteligência artificial segue vinculada à busca por eficiência e, em 2026, a tecnologia passará por um ponto de inflexão. No setor financeiro, os algoritmos ajustam carteiras de investimento em tempo real, com base em volumes de dados que seriam inalcançáveis pela intuição humana. Na indústria e no varejo, plataformas inteligentes já assumem decisões sobre compras, produção e logística, cruzando variáveis de consumo, compliance e sustentabilidade. Até mesmo a comunicação corporativa vive uma transformação, com a ascensão do Generative Engine Optimization – uma lógica em que a reputação digital passa a ser construída também pela consistência e credibilidade das informações disponíveis para os sistemas de IA generativa.
Esse cenário sinaliza aos líderes empresariais um novo olhar: não se trata mais de adotar tecnologia como acessório, mas de reorganizar modelos de negócio em torno de uma inteligência distribuída, ética e confiável. A governança de dados deixa de ser diferencial para se tornar obrigação regulatória.
A IA deixa de ser definitivamente uma promessa para se consolidar como infraestrutura estratégica da economia global. Nos últimos anos, testemunhamos um salto sem precedentes: a IA passou de aplicações pontuais em chatbots e análise de dados para se tornar o cérebro que orienta decisões, antecipa riscos e molda novas formas de relacionamento entre empresas, clientes e investidores.
No Brasil, o debate em torno do Marco Legal da Inteligência Artificial já indica que princípios como transparência, não discriminação e supervisão humana serão exigências básicas para empresas que desejam competir em setores sensíveis, como o financeiro e o de saúde.
Ao mesmo tempo, cresce a responsabilidade de garantir que as decisões tomadas por algoritmos sejam auditáveis, explicáveis e livres de vieses que possam reproduzir desigualdades históricas. A privacidade de dados ganha ainda mais relevância em um mundo hiperconectado, enquanto os impactos ambientais da infraestrutura tecnológica entram no centro das discussões sobre sustentabilidade.
Mas há também uma oportunidade sem precedentes. Empresas que tratarem a IA como infraestrutura estratégica terão ganhos de precisão, inovação contínua e capacidade de oferecer experiências personalizadas em escala. Profissionais que conseguirem transitar entre finanças, tecnologia, dados e ética estarão na linha de frente dessa transformação, tornando-se indispensáveis para organizações que desejam prosperar.
O ano de 2026, em minha opinião, será lembrado como o ano em que a inteligência artificial deixou de ser tendência emergente para se tornar parte da espinha dorsal da economia. A diferença entre prosperar e perder relevância estará na capacidade de integrar a IA de forma transparente, responsável e estratégica a cada decisão corporativa.
As grandes revoluções tecnológicas sempre redefiniram a economia global. A inteligência artificial é a mais recente, e, possivelmente, a mais profunda dessas revoluções. O desafio, agora, é garantir que esse poder seja usado para ampliar a confiança, acelerar a inovação e gerar valor sustentável para negócios e sociedade.

*Marcus Piombo é CEO do Grupo Stefanini no Brasil