A estrada para o metaverso será construída pelas Teles, por Carlos Eduardo Sedeh*
O metaverso não está fisicamente onde possamos ver ou mesmo tocar, mas é fato que se torna cada vez mais real. O problema é que ainda levará um tempo para chegarmos até ele. E isso, porque, demandará infraestrutura de acesso, que por sua vez, requererá bastante investimento.
Veja, o conceito nem é novo, surgiu em 1992 em um livro de ficção científica em que o personagem era um entregador de pizza na vida real, mas, na virtual, um hacker samurai. Em 2003, com o lançamento do game Second Life, com um ambiente virtual em 3D, simulando a vida real, algo mais concreto começou a aparecer.
O termo metaverso, que define uma “realidade paralela” possível de ser acessada por meio da tecnologia, ganhou destaque em 2021 com o anúncio do Facebook sobre a intenção de se tornar uma empresa de metaverso nos próximos cinco anos. Como prova desse comprometimento com a tecnologia e com o fato de acreditar que esse é o futuro das conexões sociais, a companhia, inclusive, mudou seu nome para Meta — estabelecendo uma direta relação.
A ideia é que serão criados espaços em 3D no metaverso, nos quais as pessoas irão interagir, aprender, colaborar e jogar. Os óculos de realidade aumentada fazem parte dessa inovação, mas também a construção de mundos virtuais inteiros, que poderão servir a diversas áreas, como saúde e educação, por exemplo. Indiscutivelmente, a transformação digital chegou para ficar, mas para que tudo isso seja acessível a uma grande parcela da população, um dos principais atores será o setor de Telecomunicações.
Entenda, interações digitais nesse nível só poderão acontecer por meio de uma boa rede de fibra óptica e, consequentemente, do 5G. Somente a quinta geração de redes móveis, e sua capacidade de transmissão significativamente maior em relação às gerações anteriores, conseguirá suprir a necessidade de rápida, estável e segura conexão para que o metaverso exista. E esse tipo de estrutura, ainda, não é a realidade na maioria das regiões do mundo.
É preciso entender também que falamos de um planeta em que, segundo estudo recente divulgado pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), 37% da população ainda não teve a oportunidade de acessar a rede mundial de computadores, há muito o que se fazer neste universo para que o acesso a uma experiência imersiva, de alta definição, totalmente realista, aconteça com mais do que um pequeno grupo.
O metaverso em larga escala é possível e certamente virá, visto o tamanho interesse que tem despertado e todas as fichas que foram apostadas na tecnologia, mas só se dará diante de muito investimento dos atores envolvidos. A começar pelas teles, para a construção de uma estrada de fibra óptica para permitir o acesso ao mundo do metaverso. Sem essa ela, a experiência será restrita e dificilmente universalizada.
*Carlos Eduardo Sedeh é CEO da Megatelecom, empresa que oferece serviços personalizados na área de telecomunicações e Vice-Presidente Executivo da Telcomp (Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas).