Por que os dados regionais são tão importantes para o negócio? Por Bruno Rezende*
/ Uma indústria que atende a empresas em todo o país, uma fazenda que se relaciona com produtores rurais de diferentes regiões e um varejo que planeja expandir sua atuação. Três negócios completamente diferentes, mas que têm a mesma necessidade: analisar dados regionais para tomar as melhores decisões em suas estratégias. Não importa o tamanho, o nível de investimento e o setor e segmento, sem essas informações, é praticamente impossível fazer projeções e criar planejamentos. Somente com o cruzamento adequado de diferentes fontes de dados as empresas conseguem se preparar para os desafios e as nuances que as esperam.
Não chega a ser novidade que o Brasil é um país continental. O Reino Unido inteiro, por exemplo, caberia dentro do estado de São Paulo. Minas Gerais é maior do que a Espanha, Bahia é ligeiramente menor do que a França e o Mato Grosso do Sul tem extensão territorial similar à da Alemanha. Além disso, o país está instituído em um sistema federativo. Ou seja, ainda que existam leis federais, os 26 estados e o Distrito Federal desfrutam de certa autonomia na gestão de seus territórios. Isso apenas realça as diferenças geográficas e culturais de um local a outro. Como afirmam geógrafos e antropólogos, há vários “brasis” dentro do Brasil.
Isso implica reconhecer que a forma de fazer negócios em São Paulo é diferente da que se vê na Bahia, que é diferente do Rio Grande do Sul, do Amazonas, de Goiás, e por aí vai. Um dos grandes erros de empreendedores que atuam em diferentes estados é imaginar que o que deu certo em determinada localidade vai se repetir em outra. Não importa a boa vontade, o planejamento e a capacidade de investimento. É preciso, primeiro, compreender o mercado, identificar o que move os consumidores e empresários e, somente a partir daí, adequar a estratégia para poder atuar de forma mais próxima e assertiva nessa região.
Não é tarefa fácil por dois motivos principais. Primeiro, pela própria cultura da empresa. Poucas corporações têm o hábito intrínseco de cruzar diferentes fontes de informação para embasar suas decisões. Na maioria dos casos, elas se restringem a dados macroeconômicos nacionais e da região onde estão já estão inseridas – e não se preocupam em estudar de forma mais atenta os dados de localidades onde estão seus clientes, parceiros e fornecedores. Além disso, é preciso saber quais são as análises regionais mais importantes de acordo com os objetivos do negócio. Hoje, o volume de informações é gigantesco, tanto com instituições públicas quanto com fontes privadas. Saber o que e como analisar é tarefa complexa.
Felizmente, há soluções de startups especializadas em dados já focadas no cruzamento e na construção de relatórios regionais. Por meio de algoritmos e machine learning, elas conseguem combinar fontes públicas de informações, como o IBGE, com estimativas internas construídas a partir dos dados dos próprios clientes. A proposta oferece insights valiosos que suportam a tomada de decisão de empresas que necessitam de estratégias regionais acuradas, seja para vender, seja para expandir ou se relacionar.
Foi-se o tempo em que um negócio poderia expandir sua atuação regional sem se importar com o mercado e o público consumidor daquela localidade. Diante de um cenário econômico cada vez mais competitivo, reconhecer as diferenças culturais, geográficas e econômicas é mais do que um diferencial estratégico; é questão de sobrevivência. Quem compreender essa realidade e buscar dados regionais que apoiem o planejamento do negócio certamente dará um passo à frente em seu segmento. Diante dos vários “brasis” que temos no Brasil, é preciso seguir diferentes iniciativas para entender – e atender – com excelência todo o público.