A transformação digital é para todos, segundo o arquiteto Julio Takano, especialista em projetos de varejo
CEO da Kawahara & Takano Retailing, conceituado escritório brasileiro com 28 anos de história de sucesso internacional, Takano (foto) é, também, fundador e hoje conselheiro da ABIESV, além de palestrante no Brasil e no exterior sobre o negócio do varejo
“Têm empresários que ainda dizem: ‘a transformação digital não e pra mim’. Pois eu digo: é sim, a transformação digital é para você e se ainda não começou, neste tempo de reclusão para combate do Covid -19, está atrasado, porque o seu concorrente já se transformou”, afirma Julio Takano, um dos maiores especialistas em varejo do Brasil, à frente da Kawahara & Takano Retailing, empresa que desenvolve arquitetura de negócios e conceitos de store design para grandes marcas como a Tramontina.
Ao compartilhar não só dicas, mas uma visão otimista de como tratar os negócios daqui pra frente, Takano diz que não é preciso mais ficar esperando o cliente chegar na loja, é possível ir atrás dele construindo novos negócios, tendo parceiros experts em inteligência digital.
“Isso vai reposicionar o varejo de tal forma que quem está atuando no mercado cada vez vai ter menos concorrentes” Neste novo varejo, o físico e o digital estão conectados, explica Takano, e isso acelerou nesses 100 dias de reclusão. “Quem era físico acelerou o e-commerce, e quem era e-commerce pensou em como fazer com aqueles produtos que não vendem no digital, mas que podem ter experiências nas lojas físicas e serem mais bem sucedidos”.
O especialista diz que o físico e o digital são complementares: “a loja física transforma experiência de produtos que, às vezes, não se consegue vender no e-commerce. E o e-commerce, por sua vez, é uma prateleira infinita de produtos, que muitas vezes não se consegue colocar em uma loja física”.
Takano conta que tem fatos icônicos de produto no e-commerce que, apesar de ter boa foto, nunca vendeu, mas quando vai para a loja e é colocado na mesa de entrada, com iluminação correta, aroma contagiante, música vibrante, se transforma no item mais vendido. “E a reciproca é verdadeira. De produtos que não vendem na loja física, talvez porque não estavam expostos de forma correta, e quando vão para o e-commerce, à vista de milhões de pessoas, passam a vender. Um aspecto importante é que a loja física e a digital têm que ter a mesma comunicação gráfica.
No digital, evidentemente, os pontos de contato são o visual e a audição. “As plataformas de construção de lojas online estão se tornando universais. De uma marca para outra a plataforma é idêntica: o lugar onde se coloca o preço, o nome do produto e a descrição. Só muda a logomarca. Então, como o consumidor toma a decisão?”, pergunta o arquiteto, que fornece outra dica preciosa: o preço não é mais o diferencial e sim o conhecimento, que é transformador.
“Costumo chamar de Edutainment, educar e entreter o cliente transforma o processo de compra de um produto.
No momento que uma marca explica a produção e origem do material, dá informações sobre a história da empresa, entre outros, demonstra, com essa curadoria, ser especialista, enquanto as outras marcas são distribuidoras”.
Segundo o especialista, este posicionamento tira a empresa do lugar comum e desperta uma curiosidade.
“E se, ainda, o produto for entregue ao cliente bem embalado, com aroma agradável e uma mensagem otimista, o consumidor vai naturalmente querer conhecer a loja” completa.
E trazendo os clientes do e-commerce é possível dobrar o tráfego da loja, explica Takano, “essa conexão físico e digital, pode converter em mais 20% de vendas, se a equipe for bem treinada.
O ticket médio aumenta quando eu conecto essa inteligência”. Aos pequenos varejistas que têm loja física, o arquiteto dá um conselho: busque ferramentas de associações que ajudem a colocar os produtos em um marketplace, que seja comunitário, destinado a pequenos.
Então, retomando ao começo, “sim a transformação digital é para todos que querem continuar na corrida, pois é evidente que terão aqueles que não voltarão para a competição, infelizmente. Mas os que continuarem terão muito o que aprender e ensinar”, finaliza o expert em varejo.