Fusões e aquisições no setor de telecom crescem no Brasil e registram em 2020 o melhor resultado da década
Mercado segue aquecido neste ano, com nove transações registradas até maio, conforme levantamento realizado pela boutique RGS Partners
A aquisição de provedores regionais de acesso à banda larga por grandes empresas de telecomunicações, em meio a uma demanda crescente e generalizada por internet de alta velocidade, tem sido um dos principais fatores de estímulo à consolidação deste mercado no Brasil.
Esse movimento pode ser medido pelo aumento de M&As do setor no país que, em 2020, teve o seu melhor desempenho em número de negócios concretizados ao longo da última década. Foram 16 transações durante este período, conforme um levantamento inédito realizado pela boutique RGS Partners, especializada no Middle Market.
Até então, os resultados mais expressivos tinham ocorrido em 2015 e 2011, quando 15 acordos, respectivamente, foram fechados. A despeito do recorde da década, registrado no ano passado, o mercado de telecomunicações segue aquecido em 2021, haja visto que até maio já foram registradas nove transações, número superior aos apurados em 2018, 2017 e 2016.
Sócio da RGS Partners, Fábio Jamra observa que a pandemia acentuou ainda mais a necessidade das pessoas por banda larga e criou um cenário propício para desencadear a consolidação do segmento a partir de empresas pequenas que cresceram regionalmente e pouco a pouco se tornaram alvo de aquisição.
“Falta infraestrutura de banda larga em cidades pequenas e médias do interior. As grandes empresas de telecom não promoveram investimentos suficientes nos últimos anos para fazer frente a essa carência, o que abriu espaço para companhias médias acessarem capital de fundos de investimento. Capitalizadas, estabeleceram um plano mais arrojado de expansão através de aquisições”, diz Jamra.
“Houve um recente crescimento de pequenas empresas regionais que, atendendo à essa demanda por infraestrutura, se tornaram alvo de aquisição pelas empresas de banda larga de maior porte e com maior acesso a capital”, acrescenta o sócio das RGS Partners.
Os dados do Brasil também refletem o cenário de fusões e aquisições pelo mundo no segmento de telecomunicações. Foram realizadas 430 transações no ano passado. Trata-se da melhor performance desde 2015. Já o volume de recursos transacionados ao longo de 2020, por volta de US$ 182 bilhões, representa o segundo maior montante da década, sendo superado apenas pelos US$ 216 bilhões de 2013.
Com 46%, a Europa responde pela maior quantidade de negócios concluídos dos últimos 10 anos. Em volume de recursos, no entanto, há um equilíbrio. Neste aspecto, o continente europeu aparece com 36%, enquanto Estados Unidos e Canadá correspondem a 37%. A RGS identificou que os compradores estratégicos representam 89% das transações e do valor movimentado entre 2010 e 2020. Além disso, constatou que 70% dos negócios acontecem entre players que operam nas mesmas regiões.
Pelo levantamento, a russa Rostelevom e a americana AT&T lideram o número de transações da última década, com 33 e 24, respectivamente. Em dinheiro transacionado, a liderança fica com Verizon, dos Estados Unidos, que movimentou US$ 142 bilhões. Este resultado foi impactado pela compra de 45% da Verizon Wireless, realizada em 2014, por US$ 130 bilhões. Em seguida, no ranking de tamanho das transações, em volume financeiro, aparecem a T-Mobile, com US$ 84 bilhões.