Como os avanços em IA estão influenciando diferentes setores?
Desde o lançamento do ChatGPT pela OpenAI no final de 2022, a inteligência artificial ganhou os holofotes e tem transformado cada vez mais os negócios em diversas áreas. Devido a isso, ela tem sido encarada como prioridade pelas empresas, que já estão destinando boa parte de seus recursos a essa agenda. Segundo estudo da Boston Consulting Group (BCG), 85% das lideranças globais querem investir em inteligência artificial neste ano, e para 89% dos altos cargos, a IA e a GenAI estão entre as três principais prioridades tecnológicas para 2024.
Já segundo o levantamento “Startup Landscape: Inteligência Artificial”, realizado pela Liga Ventures, maior rede de inovação aberta da América Latina que conecta startups e grandes empresas para geração de negócios, em parceria com o iFood, existem no país atualmente 772 startups ativas em diferentes segmentos que aplicam IA em suas soluções.
Dados como esses reforçam o sucesso da tecnologia e indicam que ela estará cada vez mais presente nos negócios. Pensando nisso, listamos alguns exemplos de setores que estão sendo fortemente impactados pelos avanços da IA e explorando o seu enorme potencial.
Confira:
Telecomunicações
De acordo com estudo da Gartner, até 2026, 95% das companhias de telecomunicações devem implementar iniciativas de dados, análise e IA para melhorar a experiência do cliente e o planejamento de produtos. Para Carlos Campos, vice-presidente de vendas para a América Latina da emnify, provedora líder de conectividade celular IoT no mundo e referência global em tecnologia e inovação para telecomunicações, um dos principais benefícios trazidos pela IA é a otimização das operações de rede, na qual a tecnologia é utilizada para monitorar, analisar e prever padrões de tráfego. “Com isso, é possível fazer uma gestão mais eficiente e proativa das informações, identificando e solucionando problemas antes que eles afetem os usuários, reduzindo significativamente as falhas e interrupções. Além disso, a IA está possibilitando um atendimento ao cliente mais personalizado, com suporte rápido e assertivo por meio de chatbots e assistentes virtuais que são capazes de solucionar questões comuns sem a necessidade de intervenção humana. A integração de IA com outras tecnologias como a Internet das Coisas (IoT) e o 5G também permite o desenvolvimento de novas aplicações e serviços, como cidades inteligentes e veículos autônomos, que dependem de uma conectividade segura e inteligente”, analisa.
Segundo Ary Vilhena Junior, CEO da Smartspace by Digivox, plataforma premiada que agrega soluções de Conversational AI Marketing, CX & EX, UC & Collaboration e On Demand APIs em um único contexto, equilibrando produtividade e bem-estar, a IA generativa revoluciona a maneira como os agentes financeiros interagem com o mercado. “A IA é capaz de processar um grande volume de dados e, através deles, ter a capacidade de fornecer insights valiosos e inovadores para os agentes e clientes do mercado financeiro. Uma de suas aplicações mais promissoras é na geração de cenários e simulações, pois ela consegue antecipar movimentos de mercado e indicar decisões personalizadas, auxiliando assim os investidores. Na prática, quando um cliente entra em contato com o serviço, seja por meio de um aplicativo móvel, chat online ou telefone, ele é recebido por um assistente virtual inteligente que é alimentado por algoritmos avançados de IA generativa e treinado em vastos conjuntos de dados financeiros capazes de analisar o seu perfil de investidor e sugerir a melhor movimentação de cada cliente”, finaliza.
RH
Outro setor que tem se beneficiado do uso de inteligência artificial é o RH, principalmente no gerenciamento de talentos, otimização de processos e automação de tarefas repetitivas e administrativas, como triagem de currículos, agendamento de entrevistas e respostas a perguntas frequentes dos candidatos. “Ferramentas de IA, como chatbots e sistemas de recrutamento e seleção de candidatos, são capazes de analisar grandes volumes de dados rapidamente, identificando os perfis mais qualificados com base em critérios predefinidos – o que acelera o processo de recrutamento e reduz o tempo necessário para preencher vagas. A IA também pode verificar dados de desempenho e feedbacks dos colaboradores para identificar lacunas de habilidades e sugerir programas de treinamento personalizados para atender suas necessidades de desenvolvimento”, pondera Gustavo Caetano, fundador e CEO da Samba, especialista em soluções digitais simples, inteligentes e eficazes que impactam significativamente os resultados, proporcionam vantagens competitivas e perpetuam com maturidade os clientes no mercado.
Tendo em vista o bem-estar dos colaboradores e agilidade em processos internos, as empresas também vêm apostando em startups que oferecem plataformas de benefícios corporativos que vão além dos tradicionais previstos na legislação. “Hoje, por meio da inteligência artificial, conseguimos reunir em um só lugar diversos benefícios para os colaboradores das empresas, tais como: vale higiene íntima, alimentação para pets, estacionamento, restaurantes, etc. Vivemos na era da informação, onde tanto os RHs quanto as equipes das corporações querem praticidade e agilidade. A gestão consegue ter dados em tempo real de como os benefícios estão sendo utilizados, assim como os colaboradores também. Todos acabam ganhando em economia de tempo e despesas”, ressalta Charles Schweitzer, CEO da I-scaneo, HRtech focada em soluções de benefícios corporativos para empoderar os colaboradores das empresas brasileiras.
Diante de grandes desafios voltados ao mercado de ponto eletrônico, alto custo das manutenções, peças escassas, além dos valores exorbitantes associados ao software, a validação de ponto pelo smartphone Android ou iOS surge como uma solução inovadora. Ideal para colaboradores externos como vendedores, técnicos de campo, motoristas, entre outros, essa tecnologia permite uma marcação de ponto simplificada, inclusive com a coleta de geolocalização.
“Não é novidade que a IA chegou para revolucionar diversos setores e no RH não foi diferente. Quando aplicada no sistema de ponto, por exemplo, proporciona inúmeros benefícios como gerenciamento de marcações offline quando não há rede de dados e um painel de gestão centralizado para administrar todas as ocorrências. Com funcionalidades adicionais como gestão de férias, afastamentos e administração intuitiva de colaboradores, a solução é um salto à frente em relação aos sistemas tradicionais”, afirma Daniel Godoy, CEO do Apponte.me, startup que revoluciona o controle de ponto ao substituir relógios tradicionais por tablets, reduzindo custos de instalação, aquisição de equipamentos e manutenção.
Robótica
Para Denis Pineda, General Manager LATAM da Universal Robots, empresa dinamarquesa líder na produção de braços robóticos industriais colaborativos, a IA está ampliando a capacidade dos robôs e permitindo que eles realizem tarefas cada vez mais complexas com maior autonomia. “Atualmente, os robôs são programados ponto a ponto, coordenada por coordenada formando trajetórias e tarefas. Com a adoção da IA no desenvolvimento de aplicações, a programação de robôs vai evoluir para elaboração de prompts que criarão programas adaptativos ao ambiente e a demanda. Nas indústrias, por exemplo, é possível contar com a ajuda de robôs que aprendem e se adaptam a novas situações, o que possibilita que eles identifiquem e corrijam erros em tempo real, ajustem suas operações de acordo com mudanças no ambiente de trabalho e colaborem de forma mais eficaz e segura com os operadores humanos – e isso também se aplica à robótica colaborativa, que está evoluindo por meio da IA. Esse cenário abre novas possibilidades para sua aplicação em diversos setores, promovendo uma maior integração entre a tecnologia e o trabalho humano”, conta.
Visão computacional e monitoramento
Felipe Araújo, Gestor de PGI – Gestão da Informação – no Hub InovAtiva, política pública gratuita e equity free que promove o desenvolvimento do empreendedorismo inovador no Brasil, reforça o potencial da IA da visão computacional para monitoramento de comportamento e tendências. “É certo que existe toda questão da segurança e direito de imagem, mas essa tecnologia pode ser uma grande aliada no sentido de averiguar o perfil do público em um shopping, por exemplo, ou mesmo na área da saúde, auxiliando os profissionais a terem um retorno mais rápido caso um paciente necessite alguma ajuda”, pontua. “Ainda na área da saúde, a análise de imagens e dados apoia nos diagnósticos. Então, vejo a IA como algo que pode ser mais explorado, abrindo uma série de oportunidades e avanços”, declara.
Segurança Pública
A integração da inteligência artificial na segurança tanto pública quanto privada está redefinindo as fronteiras da vigilância e prevenção de crimes. Na segurança privada, a IA para transformar câmeras comuns em detectores de intrusão extremamente precisos, superando em até 100 vezes a eficácia dos sensores tradicionais. Essas câmeras, equipadas com algoritmos avançados e treinadas com milhares de imagens reais, conseguem identificar comportamentos suspeitos, elevando significativamente a proatividade e eficiência das centrais de monitoramento.
Já na segurança pública, a colaboração entre iniciativas privadas e órgãos governamentais é fundamental. “Nossas IAs fazem o cercamento eletrônico de alvos móveis com leitura de placas veiculares, fornecendo dados cruciais para a ação policial via Córtex”, afirma Bruno Gouvea, COO da Monuv, software de videomonitoramento (VMS) que torna centrais de segurança mais eficientes aplicando inteligência artificial ”as a service”. O executivo ainda destaca o impacto positivo na redução da criminalidade, onde junto de uma malha fina de câmeras de segurança, essa rede efetiva potencializa o uso de tecnologia e financiamento privados em prol de uma sociedade mais segura.
Educação
A inteligência artificial tem revolucionado a educação ao personalizar o aprendizado e aumentar a eficiência dos processos educacionais. Com a IA, é possível criar experiências de aprendizado individualizadas, adaptando conteúdos e metodologias às necessidades específicas de cada aluno, promovendo assim um melhor desempenho e engajamento. “Essa solução também auxilia na automação de tarefas administrativas e na análise de dados educacionais, permitindo que educadores foquem mais no ensino e menos em atividades burocráticas. Esta tecnologia também é um facilitador no acesso a recursos educacionais de alta qualidade. Ou seja, com a IA conseguimos adaptar conteúdos e metodologias às necessidades individuais de cada aluno, além de promover um engajamento maior e resultados mais assertivos”, comenta Lucas Rodrigues, CEO do Clipping.
Nas escolas, tanto os gestores quanto professores e alunos fazem da inteligência artificial uma aliada no dia a dia. Por meio da IA, as instituições de ensino podem mapear de perto a situação de cada aluno, além de oferecer soluções personalizadas de acordo com as necessidades de aprendizagem. “Ao levar a tecnologia para o ambiente escolar, os alunos das novas gerações aprendem de uma forma dinâmica, gamificada, lúdica e divertida, tornando a jornada acadêmica mais leve e conectada com as habilidades que são exigidas no mercado de trabalho, como os softskills (comportamentais) e hardskills (técnicas)”, ressalta João Leal, CEO e co-fundador da Árvore, uma empresa que leva soluções tecnológicas para transformar o ensino nas escolas por meio da inteligência artificial.
Privacidade de Dados (LGPD)
Depois que a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), mais conhecida como a Lei nº 13.709/2018, passou a ser obrigatória nas empresas do país, as corporações, principalmente MPMES (Micro, Pequenas e Médias Empresas) e PMES (Pequenas e Médias Empresas), que são responsáveis por empregar mais de 70% da mão de obra do país, segundo dados do Sebrae, sentem mais dificuldades na hora de implementar políticas de privacidade de dados, devido aos custos operacionais. Porém, com o avanço da inteligência artificial, hoje existem soluções no mercado que buscam atender a essas dores, com uma tendência forte de crescimento nos próximos anos, conforme explica Ricardo Maravalhas, CEO da DPOnet, primeira empresa brasileira a adotar a inteligência artificial em uma plataforma de privacidade, que tem o objetivo de democratizar, automatizar e simplificar a jornada de conformidade com a LGPD.
“Com a velocidade da informação e novas tecnologias, atualmente temos um cenário bastante complexo e ao mesmo tempo, vulnerável na segurança da informação. Por isso, a inteligência artificial se faz necessária para desburocratizar a jornada da LGPD nas empresas, principalmente as de menor porte, que não conseguem investir em uma estrutura interna para garantir a segurança de dados”, ressalta Ricardo.