Empresas devem redobrar cuidados para evitar contágio pelo coronavírus no local de trabalho
Fornecer álcool em gel e ambientes para lavar as mãos está entre os protocolos de segurança desenvolvidos pelo Ministério da Saúde
Conviver com o coronavírus tornou-se parte da rotina dos brasileiros – isso é inegável. A cultura do Brasil, que sempre foi muito adepta da presencialidade, viu-se obrigada não apenas a usar máscaras e higienizar mãos e alimentos, mas também a praticar o isolamento social – fator que implicou em um número alto de trabalhadores fora do local de trabalho.
Com mais de cinco milhões de casos confirmados e mais de 150 mil mortos de março até outubro (COVID Saúde – Governo Federal), as empresas que prestam serviços não essenciais adotaram medidas para que o home office fosse possível – desde créditos para aquisição de computadores e outros equipamentos de informática até a criação de alternativas online para comunicação entre equipes. No entanto, o “novo normal” foi desafiador.
De acordo com a Pesquisa Gestão de Pessoas na Crise Covid-19, realizada pela Fundação Instituto de Administração (FIA), 46% das empresas brasileiras adotaram o home office desde março. Como resultado, 67% das companhias destacaram dificuldades de adaptação dos funcionários e queda na produtividade. O levantamento coletou dados de 139 empresas pequenas, grandes e médias em todo o país no mês de abril.
A jornalista Isabela Rovaroto, de 23 anos, foi uma das pessoas que deixou de ir à redação para trabalhar em casa. Ela afirma que sentiu diferenças na própria produtividade: “A maior diferença que eu senti no home office, principalmente a longo prazo agora na pandemia, foi em relação à comunicação. Eu sinto que esse distanciamento exige dos gestores maior habilidade para lidar com pequenos imprevistos, que poderiam ser resolvidos com pequenas comunicações no dia a dia – assim acontecia no trabalho presencial, resolvidos de forma muito rápida. Agora, com a distância, essa comunicação fica comprometida”.
Para voltar com segurança
Oito meses mais tarde, uma parte considerável das empresas teve a necessidade de restabelecer o trabalho presencial. Para tanto, o Ministério da Saúde desenvolveu uma cartela com uma série de medidas de segurança para que os trabalhadores retornassem ao trabalho.
As principais medidas giram em torno da orientação e prevenção do contágio pelo vírus, ou seja, incentivar os trabalhadores a seguir os protocolos de segurança e higiene já conhecidos, sendo a empresa responsável por fornecer o que for necessário, como álcool em gel 70% e locais para lavar as mãos. Há um destaque também para que as empresas tenham dentro da equipe profissionais capacitados para responder possíveis dúvidas que os funcionários venham a ter sobre os cuidados com o coronavírus.
Entre os protocolos oficiais exigidos para que as empresas voltem a funcionar presencialmente está a distância de, pelo menos, 1,5 metro entre as baias de trabalho, orientação para o uso ininterrupto de máscaras por todos os funcionários da empresa e intensificar a limpeza do ambiente.
Em caso de funcionários que apresentarem sintomas da doença, é necessário orientação por parte da empresa para serviços de saúde e o envio do funcionário para casa imediatamente. Se o trabalhador testar positivo para a Covid-19, a empresa deve garantir políticas de licença médica mais flexíveis, sem que o funcionário precise levar o atestado médico até a empresa.
Outro ponto destacado pelo Ministério da Saúde é repensar a necessidade do trabalho presencial: o ideal é que os funcionários permaneçam em casa, para maior segurança geral de todos.
Dados do IBGE informam que ao menos 700 mil brasileiros já retornaram ao trabalho presencial desde a segunda semana de julho.
O que pensam os trabalhadores?
Entre os que voltaram, ainda há o temor pelo contágio do vírus, mas boa parte dos trabalhadores afirma que os protocolos de segurança já estão enraizados e as medidas de segurança das empresas têm resultado em poucos casos confirmados.
Isabela ficará em home office até janeiro de 2021, de acordo com o prazo estabelecido pela empresa. Sobre o retorno, ela pontua que se sentiria mais segura se fosse feito de forma gradual: “Tem de fazer o distanciamento entre os funcionários, um revezamento para evitar o contato entre as pessoas, principalmente começando por quem está fora do grupo de risco (ou de quem mora com grupo de risco) e quem pode ir ao trabalho com o próprio veículo, sem depender do transporte público”.