A produtividade torna-se tóxica quando falta um olhar diferenciado da empresa para os seus colaboradores
Entenda a importância da equipe de gestão de pessoas na mudança do comportamento organizacional em tempos de pandemia de Covid-19
Segundo estudos realizados pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), 70% dos profissionais brasileiros manifestaram que estão com um volume de trabalho muito mais alto nos anos de 2020 e 2021, e ressaltam que a pandemia de Covid-19 alterou totalmente a sua rotina, como o horário de início e término do seu dia de trabalho, em razão de muitas empresas terem adotado o modelo de home office para seus colaboradores – inclusive, demonstram interesse em mantê-lo, mesmo após a retomada das atividades presenciais.
Sem essa rotina, muitos trabalhadores comentam sentirem-se sobrecarregados, e a psicóloga clínica Marilene Kehdi dá um exemplo dessa situação: “A pessoa acha que, quanto mais ela produzir, mais reconhecida será, que vai conseguir conquistar mais coisas. Ela sente que precisa fazer alguma coisa o tempo todo; quanto menos folga tiver no dia, melhor o desempenho; quanto mais tarefas concluir o dia inteiro, melhor. Essas são algumas coisas que compõem esse mito”. E complementa: “Ser produtiva é fazer as tarefas que precisam ser realizadas, e o que não der para ser feito hoje fica para amanhã. E muitas pessoas não conseguem fazer isso, aí passa a ser uma produtividade tóxica, porque faz mal”. Portanto, a produtividade associa-se ao descanso físico e mental para qualquer atividade exercida.
“O excesso prejudica a saúde do colaborador, que é o fato mais relevante e importante, pois trabalhos não deveriam impactar negativamente a saúde de ninguém, mas, além disso, impacta diretamente na produtividade da empresa”, explica o especialista Jorge Martins, CEO da Bullseye Executive e Search, empresa de recrutamento especializado em gestão empresarial, e afirma que esse comportamento é prejudicial em todos os sentidos.
Essa situação é denominada produtividade tóxica, um termo muito usual durante esse período pandêmico, onde essa sobrecarga é motivada por diversas razões, como, por exemplo, a redução das equipes de trabalho, a exigência de metas mais rigorosas, o medo e a insegurança pela instabilidade do mercado de trabalho, somando-se às tarefas de casa, que se confundem com as atividades profissionais, porque está tudo acontecendo no mesmo local e ao mesmo tempo.
Contudo, os profissionais da gestão de pessoas devem estar atentos a essa situação, porque o custo será muito mais alto do que o investimento na qualidade da saúde mental de cada funcionário. “Chegamos em um ponto em que a produtividade tóxica provoca um sentimento de culpa quando estamos aproveitando nosso tempo de descanso, que é tão necessário quanto os resultados. O corpo e a mente precisam disso para desenvolver a criatividade, as atividades rotineiras e o equilíbrio mental”, finaliza Jorge Martins.
Sendo assim, a gestão de recursos humanos deve ter o feeling aos sinais demonstrados de seus funcionários, como absenteísmo, elevação no turnover, solicitações de mudança de departamento por falta de empatia entre os parceiros ou a chefia, entre outros comportamentos, e assim traçar estratégias e ações, sem prejuízos para a empresa e sem penalidades para os colaboradores, pois os profissionais de recursos humanos são os mais aptos para uma retomada na produtividade com qualidade e satisfação.